À medida que o Bitcoin cresce e se estabelece como uma forma robusta de moeda digital, novas soluções e tecnologias surgem para expandir suas capacidades e melhorar sua usabilidade.

Essas inovações geralmente são construídas sobre o protocolo básico do Bitcoin, adicionando camadas extras de funcionalidade ou resolvendo problemas específicos que o Bitcoin, sozinho, não pode abordar diretamente.

Por exemplo, a Lightning Network é uma dessas soluções que permite transações mais rápidas e baratas, movendo a maioria das transações para fora da blockchain principal do Bitcoin.

Além disso, outras soluções incluem sidechains, como a Liquid Network, que oferecem recursos adicionais como transações confidenciais e ativos tokenizados.

Portanto, protocolos como o RGB estão sendo desenvolvidos para permitir a criação de contratos inteligentes e a emissão de ativos digitais sobre o Bitcoin, sem comprometer a segurança e a descentralização da blockchain principal. Essas soluções mostram como o ecossistema Bitcoin continua a evoluir, adaptando-se às novas necessidades e demandas do mercado.

Nesse artigo você vai entender mais sobre o protocolo RGB.

Vamos lá!?

O que é o protocolo RGB?

O RGB é um conjunto de protocolos de código aberto construídos sobre a blockchain do Bitcoin que permite a criação e execução de contratos inteligentes confidenciais e seguros.

Em outras palavras, o protocolo RGB é uma tecnologia construída sobre a blockchain do Bitcoin que permite a criação e gestão de contratos inteligentes e ativos tokenizados de forma privada e escalável.

Assim, diferente de outros sistemas que utilizam sidechains ou camadas separadas, o RGB opera utilizando a validação do lado do cliente (client-side validation), o que significa que as informações e estados dos contratos são geridos fora da blockchain principal do Bitcoin. Isso garante que a blockchain do Bitcoin seja usada apenas para registrar compromissos (commitments), mantendo a integridade e imutabilidade dos dados sem sobrecarregar a blockchain com detalhes operacionais.

A sigla RGB significa “Really Good Bitcoin” e, como dissemos anteriormente, é um conjunto de protocolos de código aberto que permitem a execução de contratos inteligentes em uma rede.

Quem desenvolveu a ideia do RGB?

O protocolo RGB foi inicialmente proposto entre 2015 e 2016 e desenvolvido por um grupo de desenvolvedores e bitcoiners, com destaque para Jacob Mazukov e Giacomo Zucco, um conhecido defensor do Bitcoin e especialista em criptografia e privacidade.

Zucco é uma das figuras centrais por trás do conceito do RGB e ajudou a popularizar a ideia de utilizar a blockchain do Bitcoin como uma camada de compromisso para contratos inteligentes e ativos tokenizados, mantendo os dados do contrato fora da blockchain para garantir privacidade e escalabilidade.

Giacomo Zucco

Entretanto, além de Giacomo Zucco, o desenvolvimento do RGB contou com a colaboração de diversos desenvolvedores da comunidade Bitcoin, incluindo Peter Todd, um criptógrafo e desenvolvedor que contribuiu para muitos aspectos técnicos do Bitcoin, e outras figuras-chave dedicadas a avançar o protocolo e implementar suas funcionalidades.

Além disso, a equipe por trás do protocolo RGB continua a trabalhar no desenvolvimento e aprimoramento do protocolo, com o objetivo de torná-lo uma ferramenta ainda mais robusta para contratos inteligentes e ativos tokenizados no ecossistema Bitcoin.

Casos de uso do protocolo RGB

O protocolo RGB foi projetado para ser uma solução flexível. Portanto, aqui estão alguns dos principais usos do protocolo:

1. Emissão e Gestão de Ativos Digitais (Tokens)

  • Moedas Estáveis (Stablecoins): Emissão de stablecoins lastreadas em moedas fiduciárias, permitindo transações e armazenamento de valor no ambiente Bitcoin sem a volatilidade característica das criptomoedas.
  • Representação de Ativos Físicos: Criação de tokens que representem ativos físicos, como ouro, imóveis, ou commodities, permitindo que esses ativos sejam negociados de forma digital.
  • Ações e Títulos: Emissão e gerenciamento de ações, títulos ou outros instrumentos financeiros tokenizados, possibilitando a criação de mercados de capitais mais eficientes e acessíveis.

2. Contratos Inteligentes Complexos

  • Contratos Futuros: Permitir a negociação de contratos futuros de ativos tokenizados, como bitcoins, commodities ou outros tokens, nos quais as partes podem acordar a compra ou venda de um ativo em uma data futura por um preço previamente estabelecido.
  • Contratos de Opções: Criar contratos de opções, permitindo que os investidores comprem ou vendam o direito de adquirir um ativo por um preço específico dentro de um período determinado.
  • Contratos de Empréstimo: Implementar contratos inteligentes para empréstimos, nos quais o ativo tokenizado pode ser utilizado como garantia, e as condições de pagamento e as taxas de juros são geridas automaticamente.

3. Sistemas de Governança e DAOs

  • Tokenização de Direitos de Voto: Criar tokens que representem direitos de voto em organizações descentralizadas ou em empresas, permitindo governança transparente e auditável.
  • DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas): Gerenciar DAOs usando contratos inteligentes no protocolo RGB, permitindo que as regras e decisões da organização sejam executadas de forma automática e descentralizada.

4. Certificação e Identidade

  • Certificação de Documentos: Emitir certificados digitais que podem ser verificados e armazenados na blockchain, garantindo a autenticidade e integridade de diplomas, patentes, ou outros documentos oficiais.
  • Identidade Digital: Criar sistemas de identidade digital onde as credenciais são armazenadas e verificadas usando a tecnologia de selos únicos do RGB, garantindo a privacidade e segurança dos dados.

5. Finanças Descentralizadas (DeFi)

  • Plataformas de Empréstimos e Poupança: Implementar plataformas DeFi que ofereçam empréstimos, poupança e outros serviços financeiros diretamente sobre a infraestrutura Bitcoin, utilizando ativos tokenizados e contratos inteligentes no protocolo RGB.
  • Pools de Liquidez e Swaps: Criar pools de liquidez e plataformas de swaps descentralizados para a negociação de tokens RGB, permitindo liquidez e negociação eficiente de ativos tokenizados.

6. Sistemas de Pagamento

  • Pagamentos Privados: Utilizar tokens emitidos no protocolo RGB para realizar pagamentos com privacidade aumentada, já que as transações e o estado dos contratos não são visíveis na blockchain do Bitcoin.
  • Integração com Lightning Network: RGB pode ser combinado com a Lightning Network para pagamentos instantâneos e escaláveis, utilizando tokens emitidos no protocolo.

7. Mercados de Arte e Colecionáveis Digitais (NFTs)

  • Criação e Negociação de NFTs: Emitir NFTs (tokens não fungíveis) no protocolo RGB para representar obras de arte, colecionáveis ou outros itens digitais únicos, permitindo que esses ativos sejam negociados de forma descentralizada.
  • Verificação de Autenticidade: Usar o protocolo RGB para criar certificados de autenticidade de arte digital ou física, garantindo que a proveniência e a originalidade possam ser verificadas de forma confiável.

8. Plataformas de Crowdfunding e ICOs

  • Crowdfunding Descentralizado: Implementar plataformas de crowdfunding onde os fundos são geridos por contratos inteligentes, garantindo que os recursos sejam liberados conforme as metas do projeto são atingidas.
  • ICOs e STOs: Facilitar a emissão de tokens para projetos de Initial Coin Offerings (ICOs) ou Security Token Offerings (STOs) de forma segura e regulada, usando a infraestrutura do protocolo ‘Really Good Bitcoin’.

9. Sistemas de Cadeia de Suprimentos

  • Rastreabilidade de Produtos: Tokenizar produtos ao longo da cadeia de suprimentos, permitindo que cada etapa do processo de produção e distribuição seja rastreada e verificada de forma imutável.
  • Certificação de Origem: Emitir certificados digitais que atestam a origem e a autenticidade de produtos, como alimentos orgânicos, metais preciosos ou produtos farmacêuticos.

10. Seguros e derivativos

  • Contratos de Seguro: Criar contratos de seguro que sejam executados automaticamente, onde os pagamentos são realizados conforme as condições predefinidas (como o cumprimento de uma apólice de seguro) são atendidas.
  • Derivativos Financeiros: Implementar produtos derivativos, como swaps ou forwards, utilizando ativos tokenizados no protocolo RGB, permitindo a gestão de risco e especulação dentro do Bitcoin.

Em resumo, o protocolo RGB oferece uma plataforma versátil para a criação de uma ampla gama de aplicações, desde a emissão de ativos digitais até a implementação de contratos inteligentes e sistemas financeiros descentralizados.

Será que realmente precisamos de outros tokens no Bitcoin? 

O protocolo RGB, que começou como uma solução para a criação de tokens, enfrentou algumas críticas, até mesmo de pessoas envolvidas em sua criação. 

Assim, quando o RGB foi idealizado, o foco principal estava nos tokens. No entanto, essa abordagem trouxe alguns desafios, como a limitação na validação do lado do cliente, o que dificultava a prevenção do envio de múltiplos tokens para o mesmo UTXO (Unspent Transaction Output).

Em outras palavras, o protocolo RGB original funcionava bem apenas em cenários com um único token RGB ou quando era necessário criar uma nova saída.

Naquela época, um dos desenvolvedores estava explorando maneiras de aumentar a programabilidade no Bitcoin. Ele estava trabalhando em um protocolo de machine learning que, embora não fosse descentralizado, era resistente à censura.

Já em 2018, ele previa que a censura no treinamento e uso de redes neurais poderia se tornar um problema, levando a um controle centralizado por governos e grandes corporações sobre a inteligência artificial, algo que já começamos a ver hoje. Portanto, preocupado com isso, ele começou a pensar em como as propriedades de resistência à censura do Bitcoin poderiam ser usadas para proteger o machine learning.

Logo, ele percebeu que não seria viável escalar essa solução na blockchain tradicional. Foi então que viu no RGB, com seu conceito de selos de uso único, uma maneira de escalar a computação complexa de forma resistente à censura, usando o Bitcoin como base.

Com o RGB, seria possível realizar computações completas e escaláveis, como contratos inteligentes e tokens, de maneira resistente à censura. Isso poderia ser feito tanto na camada um (layer one) quanto na camada dois (layer two), como na Lightning Network, abstraindo a blockchain e permitindo que o sistema funcionasse em qualquer transação do Bitcoin, seja ela minerada na cadeia ou parte de um canal Lightning.

Entre 2018 e 2019, o potencial do protocolo RGB começou a ser reconhecido, mas o projeto enfrentou uma fase de estagnação, especialmente no último ano, devido à queda no interesse por tokens no Bitcoin.

Apesar disso, a Bitfinex, que sempre foi uma das apoiadoras mais ativas do projeto, demonstrou interesse em trazer o Tether para o Bitcoin como uma maneira de escalar as transações. Esse interesse renovou o entusiasmo pelo projeto, e em 2019, várias pessoas se reuniram para colaborar na criação e melhora do protocolo.

Como é o ecossistema do RGB e quais são as empresas envolvidas?

Atualmente, o ecossistema do RGB é formado por diferentes entidades, algumas com fins lucrativos e outras sem fins lucrativos.

Assim, empresas como a Bitfinex estão envolvidas por razões comerciais, como a implementação do Tether no Bitcoin. A Fulgur Ventures, um fundo de investimento focado no ecossistema Bitcoin, identificou o potencial do protocolo RGB e tem estimulado as empresas nas quais investe a adotarem essa tecnologia.

Além disso, empresas como a Bitrefill e a Inbitcoin também se uniram à iniciativa.

Associação de Padrões LNP/BP

Para evitar que os interesses comerciais influenciassem o desenvolvimento do protocolo, foi criada uma organização sem fins lucrativos: a Associação de Padrões LNP/BP (Lightning Network Protocol/Bitcoin Protocol).

Essa organização foi criada para garantir que todo o desenvolvimento do protocolo RGB fosse conduzido de forma independente, mantendo a integridade do projeto.

O nome da associação, LNP/BP, faz referência ao protocolo TCP/IP, que se tornou o padrão para a internet. Da mesma forma, a LNP/BP visa estabelecer um padrão para uma nova geração de serviços descentralizados e resistentes à censura, construídos sobre o Bitcoin, e o protocolo RGB se encaixa nessa visão.

Tecnologias utilizadas no protocolo RGB

O Really Good Bitcoin promete infinitas possibilidades, o que sugere uma complexidade considerável em sua funcionalidade técnica.

Abaixo, fizemos um resumo das principais tecnologias utilizadas e explicamos de forma resumida como elas interagem com o protocolo:

1. Blockchain do Bitcoin:

  • Base de Segurança: A blockchain do Bitcoin serve como a base de segurança para o protocolo RGB. Assim, embora os dados dos contratos e ativos tokenizados não sejam armazenados diretamente na blockchain, o Bitcoin é usado para registrar compromissos criptográficos (commitments) que garantem a integridade e a imutabilidade dos contratos e transações do RGB.
  • UTXO (Unspent Transaction Output): O RGB aproveita o modelo UTXO do Bitcoin para referenciar ativos e contratos, utilizando selos únicos que são ancorados a transações Bitcoin, garantindo que cada estado possa ser validado de forma descentralizada.

2. Client-Side Validation (Validação do Lado do Cliente):

  • Processamento Local: No protocolo RGB, a validação dos estados e transações ocorre do lado do cliente, ou seja, cada usuário é responsável por validar as informações localmente, sem depender de nós centralizados ou da blockchain para essa verificação.
  • Privacidade: Essa abordagem (validação do lado do cliente) garante que as operações sejam privadas, pois os dados dos contratos não são transmitidos ou armazenados na blockchain do Bitcoin, mas sim mantidos pelos próprios participantes.

3. Commitment Schemes (Esquemas de Compromisso):

  • Compromissos Criptográficos: Os dados dos contratos e ativos no RGB são protegidos por esquemas de compromisso criptográfico, que permitem que informações sejam comprometidas (hash) e registradas na blockchain sem revelar os detalhes subjacentes.
  • Selos Únicos (Single-Use Seals): Os selos únicos são um tipo específico de compromisso criptográfico que garante que um estado ou ativo só possa ser gasto ou alterado uma vez. Isso é super importante para prevenir fraudes, como o gasto duplo, e para garantir a integridade dos contratos.

4. Merkle Trees:

  • Árvores de Merkle: São estruturas de dados que permitem a verificação eficiente de grandes conjuntos de dados. No protocolo RGB, as árvores de Merkle são usadas para organizar e validar os estados dos contratos e a propriedade dos ativos de forma eficiente, permitindo que apenas pequenas porções de dados sejam verificadas, enquanto a integridade de todo o conjunto é assegurada.

5. Bulletproofs:

  • Provas de Conhecimento Zero: Bulletproofs são uma forma de prova de conhecimento zero (zero-knowledge proofs) usada para garantir que informações podem ser verificadas sem revelar o conteúdo das mesmas. No protocolo RGB, Bulletproofs ajudam a manter a privacidade dos detalhes dos contratos e transações, permitindo verificações sem comprometer a privacidade.

6. Scriptless Scripts:

  • Contratos Inteligentes Simplificados: Scriptless scripts são uma técnica que permite a implementação de contratos inteligentes sem a necessidade de scripts complexos na blockchain. Assim, eles usam assinaturas digitais para implementar lógica de contrato inteligente fora da blockchain, melhorando a eficiência e a privacidade.
  • Compatibilidade com Schnorr: O RGB utiliza a flexibilidade dos scriptless scripts em combinação com as assinaturas Schnorr (introduzidas com Taproot) para criar contratos inteligentes que são indistinguíveis das transações Bitcoin normais.

7. Taproot e Schnorr Signatures:

  • Taproot: Uma atualização do Bitcoin que permite transações mais eficientes e privadas, ao combinar múltiplas condições de gasto em uma única condição. No protocolo RGB, Taproot facilita a implementação de contratos inteligentes mais complexos e privados.
  • Assinaturas Schnorr: Proporcionam uma maneira mais eficiente de agregar assinaturas e condições de gasto, essencial para a implementação dos scriptless scripts no RGB, permitindo maior privacidade e menor complexidade.

8. Descriptor Wallets:

  • Gerenciamento de Carteiras: O RGB faz uso de descriptor wallets, uma tecnologia que permite descrever precisamente como uma carteira Bitcoin gerencia seus UTXOs, oferecendo suporte avançado para setups complexos de assinaturas e condições de gasto. Isso é fundamental para a flexibilidade necessária na gestão de ativos tokenizados e contratos inteligentes.

9. Networking e Infraestrutura de Dados:

  • Propagação de Dados: Embora a blockchain do Bitcoin seja usada para compromissos, o protocolo RGB requer uma infraestrutura para propagar os dados dos contratos e dos estados entre os participantes. Isso pode incluir o uso de redes peer-to-peer (P2P) e outras soluções descentralizadas para compartilhar e sincronizar dados de forma eficiente.
  • Layer de Dados Abstraída: O RGB foi projetado para ser agnóstico em relação à camada de dados usada para transmitir as informações, permitindo que várias redes e protocolos sejam usados conforme necessário.

10. LNP/BP Standards:

  • Padrões para Protocolos de Camada: O protocolo Really Good Bitcoin faz parte do conjunto de tecnologias e padrões conhecidos como LNP/BP (Layered Networking Protocol/Bitcoin Protocol). Esses padrões definem como diferentes camadas de rede e blockchain interagem, permitindo a interoperabilidade e a criação de soluções avançadas sobre o Bitcoin.

Em resumo, o protocolo RGB é uma combinação de várias tecnologias, que juntas permitem a criação de um sistema robusto para contratos inteligentes e ativos tokenizados, mantendo os princípios de privacidade, segurança e escalabilidade no ecossistema Bitcoin.

Comparação com outras soluções Bitcoin

Drivechains

Diferente do Drivechain, que depende das propostas BIP300 e BIP301 e precisa de mudanças significativas no Bitcoin, como hard forks, o RGB funciona com a tecnologia atual do Bitcoin e pode se adaptar a futuras atualizações de forma flexível, sem exigir alterações na camada principal do Bitcoin.

Ordinals

Enquanto o Ordinals armazena todos os dados diretamente na blockchain, o protocolo RGB registra apenas compromissos de dados. Isso significa que o RGB usa muito menos espaço na blockchain, aproveitando a segurança dos UTXOs.

Além disso, essa abordagem permite uma integração mais fluida com a Lightning Network.

RGB e a Lightning Network

Quando se trata de RGB integrado à Lightning Network, é importante entender que o protocolo Lightning em si não precisa ser alterado. O que precisa ser ajustado é o software que gerencia as transações, pois ele deve estar ciente do estado do RGB para gerenciar corretamente os compromissos nos UTXOs.

Atualmente, existem duas implementações principais de nós Lightning que suportam RGB.

A primeira é o LNP Node, desenvolvido pela Associação de Padrões LNP/BP, projetado para funcionar tanto com a Lightning Network quanto com o protocolo RGB. A segunda implementação foi feita pela equipe da Bitfinex, que modificou o node LNDK para adicionar suporte ao RGB.

Além disso, há estudos para integrar o RGB ao C-Lightning (agora chamado Core Lightning), utilizando a infraestrutura de plug-ins. Isso seria possível com pequenas modificações nas APIs de plug-ins, permitindo que o protocolo RGB seja usado em conjunto com este node.

Assim, para que o protocolo RGB funcione em um canal Lightning, ambos os participantes devem rodar um software compatível com RGB. Isso implica a necessidade de utilizarem uma versão específica do node Lightning que suporte RGB, permitindo a comunicação em RGB entre eles durante a emissão ou transferência de ativos.

Essas transações, por serem off-chain, não necessitam de registro na blockchain, oferecendo vantagens significativas em termos de escalabilidade e privacidade.

Uma das principais razões para transferir sats dentro do ecossistema RGB é a possibilidade de adicionar funcionalidades extras, como a emissão de tokens ou a realização de operações mais complexas, que não seriam possíveis apenas com a Lightning Network padrão.

Portanto, ao utilizar um node Lightning compatível com RGB, o usuário pode integrar seus sats ao ecossistema RGB, ampliando as possibilidades de operações, incluindo a emissão e transferência de ativos digitais sob condições mais elaboradas.

O que esperar do protocolo RGB no futuro?

O futuro do RGB oferece muitas possibilidades. Entretanto, um passo crucical é a adoção concreta do protocolo por projetos reais. Atualmente, há confusão sobre se o RGB está em “mainnet” ou “testnet“. Entretanto, na verdade, o RGB não é uma rede no sentido tradicional, como o Bitcoin ou a Lightning Network.

O RGB não se conecta a uma rede específica por si só. Assim, quando alguém emite um ativo no RGB, isso ocorre em uma rede específica, seja a “mainnet” do Bitcoin ou a “testnet”.

Logo, a decisão cabe ao emissor.

Portanto, se um ativo for emitido no RGB na “mainnet”, ele estará na “mainnet”. Cada contrato inteligente no RGB é isolado, funcionando quase como um shard, uma “blockchain” própria, embora o RGB também não seja uma blockchain.

Já existem alguns ativos emitidos na “mainnet”, mas a recomendação é continuar utilizando a “testnet” até que haja uma atividade econômica significativa e comprovada no RGB, demonstrando que o sistema é seguro.

Embora o protocolo tenha cobertura de testes, ainda não foram realizadas auditorias formais, o que é algo que se pretende abordar nos próximos meses.

Algumas empresas até já mostraram interesse em realizar essas auditorias, mas, como a organização por trás do RGB é sem fins lucrativos e possui financiamento limitado, não há fundos suficientes para auditorias extensivas. Portanto, se alguém deseja usar o RGB na “mainnet”, é de sua responsabilidade garantir que está satisfeito com o nível de segurança do protocolo.

Conclusão

Como vimos, apesar do protocolo já existir há algum tempo, o ecossistema RGB ainda está no começo. Portanto, embora a infraestrutura principal já esteja em funcionamento, ainda existem poucos aplicativos disponíveis, e pode levar algum tempo para que o RGB amplie suas ferramentas e atraia mais usuários. 

É importante lembrar que o desenvolvimento do RGB é conduzido pela comunidade bitcoiner e progride de forma mais devagar, com menos foco em marketing. Além disso, os desenvolvedores precisam adquirir amplo conhecimento, não apenas sobre Bitcoin, mas também sobre as transições de estado e os contratos específicos do RGB, o que pode representar um desafio.

Entretanto, caso você queira saber mais sobre o protocolo RGB, pode visitar o site rgb.tech, onde encontrará informações detalhadas, incluindo repositórios de código-fonte, especificações e instruções de instalação.

Esperamos que esse artigo tenha te ajudado a entender um pouco mais sobre o complexo mundo do protocolo RGB.

Até o próximo e Opt Out!

Banner do Bitcoin Starter

Compartilhe em suas redes sociais:

Escrito por
Imagem do Autor
Area Bitcoin

A maior escola de educação sobre Bitcoin do mundo, que tem como objetivo elevar o conhecimento da comunidade e dos bitcoiners de todo o mundo aos níveis mais altos de soberania financeira, intelectual e tecnológica.

Ícone do X

Curtiu esse artigo? Considere nos pagar um cafezinho para continuarmos escrevendo novos conteúdos! ☕