Se não existisse dinheiro você saberia determinar qual é o valor das coisas? O valor reflete o grau de importância de alguma coisa na sociedade. Tudo que a gente julga valioso se apoia em sistemas de crenças que contam que no futuro tudo vai permanecer igual como está agora. E, a não ser que haja uma mudança muito abrupta, esse sistema de crenças demora um tempão pra mudar ou se atualizar.

Um exemplo de mudança abrupta foi durante a pandemia.

Quem ainda tinha sua empresa só no mundo físico precisou se adaptar para modelos de trabalho digitais de forma muito mais acelerada do que se fosse esperar só pela inovação tecnológica acontecer. Portanto, essa situação externa forçou a gente a mudar nossos modelos de trabalho.

Qualquer mudança exige que a gente reveja nossos sistemas de crenças para poder se adaptar à mudança, e com dinheiro não é diferente.

O valor do dinheiro

Dinheiro é o ativo que tem a crença de valor mais forte. A gente tem certeza que essa nota de 100 reais vai continuar valendo 100 reais daqui um mês, é por isso que a gente guarda dinheiro e não conchas.

Nota de 100 reais

As conchas perderam seu valor conforme formas de dinheiro mais eficientes surgiram, como o ouro.

Mas, quem garante que esses mesmos 100 reais não vão ter o mesmo destino que as conchas daqui dez anos conforme novas formas de dinheiro, ainda mais eficientes, surgem?

O grande detalhe é que o dinheiro que a gente utiliza hoje se tornou valioso à força. Os governos obrigam a população a usar as moedas do estado, ele se torna valioso à base das leis de curso forçado, ou seja através da imposição.

Porém, no passado o dinheiro (o valor) surgia espontaneamente nas civilizações, conchas, pedras e ouro se tornaram itens de valor porque as próprias pessoas escolheram e decidiram usar esses objetos para trocar valores, ou seja, como dinheiro.

As pessoas escolhem naturalmente a forma mais eficaz de conservar e trocar valor entre sí. Os últimos 100 anos estão repletos de experiências dos bancos centrais na tentativa de monopolizar e impor o que tem valor ou não na sociedade.

Esse monopólio tem um preço:

  • inflação
  • crises econômicas
  • desvalorização da moeda
  • aumento da pobreza
  • desigualdade social

Deixar na mão de políticos a decisão de determinar qual o valor do dinheiro gera distorção de mercados e desconfiança na régua que usamos para medir o valor das coisas no mundo real: a moeda.

É como se você usasse uma régua que vai mudando de tamanho enquanto você está medindo, você perde a referência do tamanho das coisas. A ponto de não ter como saber se a régua está medindo a mesa ou se a mesa está medindo a régua. Você perde o componente constante e de confiança que determina o valor das coisas.

Nos últimos 100 anos a impressão de dinheiro pelos bancos centrais vêm subvertendo a forma como “medimos” o valor das coisas na vida real.

Como confiar no valor do dinheiro se ele perde pelo menos de 2% a 4% de poder de compra a cada ano que passa?

Notícia sobre o IPCA

O valor do bitcoin

Essa é a entrada da toca do coelho do bitcoin, é entender como funciona o dinheiro e perceber que o conceito de valor é uma abstração coletiva. E que o dinheiro que usamos não tem valor algum.

Os céticos do bitcoin costumam falar que ele não tem valor intrínseco, que não tem lastro, que é muito volátil, que não produz nada de valor e que não tem precedente histórico para ser considerado uma reserva de valor.

Mas, nem as moedas governamentais possuem todas essas características!

Uma das coisas mais legais sobre o bitcoin é que ele não segue os parâmetros tradicionais de valuation, nem precisa seguir tudo isso! BTC é valioso porque eleva pra outro nível o que a gente considera valioso ou não.

Bitcoin é o lastro e a garantia dele mesmo. O valor dele está em criar uma moeda com emissão limitada e uma rede de registros que não pode ser modificada, destruída, controlada ou corrompida por ninguém. E a maneira mais óbvia de usar um sistema como esse é para transferir valores, ou seja, como dinheiro.

Além de trazer novos conceitos de valor, o bitcoin também cumpre com as principais características que um dinheiro sólido precisa ter:

  1. Escassez
  2. Divisibilidade
  3. Utilidade
  4. Portabilidade
  5. Durabilidade

Escassez

A chave para a manter o valor de uma moeda é o seu número limite de unidades.

Uma oferta monetária muito grande e que segue expandindo é o segredo para a desvalorização da moeda. É como você querer fazer um suco em pó e a cada gole ir adicionando mais água.

Você acaba diluindo demais o sabor e perdendo o suco, né?

O mesmo acontece com o dinheiro, quanto mais os bancos centrais imprimem dinheiro, ou criam digitalmente, mais diluído fica o poder de compra e mais fraca a moeda fica.

É por isso que o ouro ainda é considerado uma reserva de valor global, a velocidade com que se minera ouro é uma constante muito baixa, o que torna ele um ativo muito escasso e que acaba mantendo o poder de compra dele no longo prazo.

O problema do ouro é que a oferta não é matematicamente previsível e não é finita como no bitcoin. O tempo todo novas jazidas de ouro são descobertas e a quantidade de ouro disponível no mundo também aumenta.

Por isso o bitcoin está sendo considerado um ouro 2.0. Ele é digital, matematicamente mais escasso, programável e descentralizado.

Divisibilidade

As moedas que possuem um alto grau de adoção são divisíveis em unidades menores. Portanto, nesse caso o bitcoin é ultra divisível.

O bitcoin tem 8 casas decimais e pode até ser usado para micro pagamentos. Assim, caso ele se valorize a patamares absurdos, há casas decimais para absorver a valorização.

A menor unidade, igual a 0,00000001 Bitcoin, é chamada de “Satoshi” em homenagem ao desenvolvedor pseudônimo por trás da criptomoeda. Isso permite que 2 quatrilhões de unidades individuais da Satoshis sejam distribuídas na economia global.

Um “Satoshi” equivale a apenas 1 / 100.000.000 satoshis que compõem um 1 BTC.

Utilidade

A utilidade é uma das características que mais atiram pedra no coitado do bitcoin. Muitos dizem que ele não serve pra nada por que não entendem o quão útil ele é!

Eles falam “o ouro serve como decoração, como jóia, compõe circuitos eletrônicos além de ser dinheiro. Já o Bitcoin não teria nenhuma outra utilidade objetiva”. Mas, aí é que tá!

O valor do Bitcoin não perde sua utilidade por não ser mais um penduricalho na orelha de alguém ou por não substituir a função de qualquer outro metal.

Bitcoin tem valor porque ele resolve um problema!

Ele descentraliza a confiança aplicada nos políticos e nos bancos centrais através de registros em blockchain. Bitcoin tem a blockchain mais longa e um livro caixa, público, global, transparente e constantemente auditado.

Não depender de um órgão central para criar, monitorar e gerenciar o dinheiro torna completamente obsoleta a função dos bancos centrais e dos políticos.

Portabilidade

As moedas devem ser facilmente transferidas entre os participantes de uma economia.

Bitcoin é digital e perfeitamente transportável para qualquer lugar do mundo sem a necessidade de bancos ou intermediários. Além de não ocupar espaço.

Durabilidade

Uma moeda forte não pode se desgastar, se destruir ou apodrecer com passar do tempo. É por isso que comida não é dinheiro.

As cédulas que usamos hoje são feitas de materiais que podem ser facilmente rasgados, amassados, queimados, esmigalhados e destruídos com o uso!

O banco central brasileiro por exemplo gasta pelo menos 10 bilhões de reais por ano para manter a cunhagem das moedas, a impressão das notas, transporte e segurança desse dinheiro. Tudo isso para recolocar no mercado notas de papel que se destruíram conforme as pessoas realizam pagamentos.

Você aí já recebeu uma cheia de durex?

nota de 50 reais rasgada
nota de 50 reais rasgada

Essa nota já tá mais pra lá que pra cá! Portanto, o banco central precisa tirar ela de circulação e trocar por outro.

Já o bitcoin por ser digital não amassa, não se destrói e é protegido por um protocolo que precisaria de muita energia para ser quebrado ou hackeado.

Além disso, por mais que as pessoas tenham perdido suas seed de acesso aos seus satoshis, aquelas moedas sempre existirão na rede.

E por não sofrer expansão monetária o bitcoin não inflaciona e se desvaloriza como as moedas governamentais. É a forma mais eficaz de conservar valor e a energia gasta para criar cada moeda sem desperdício.

Falsificação

Uma moeda deve ser difícil de falsificar, caso contrário pessoas mal intencionadas podem comprometer o sistema enchendo-o com notas falsas, e consequentemente, impactando negativamente o valor da moeda, além de causar uma expansão monetária de notas falsas.

Por isso que o banco central enche de marcas d’água e gasta bilhões para ter uma impressão difícil de ser copiada.

Impressões da cédula do real

Bitcoin nunca foi falsificado! Além disso, caso algum minerador tente trapacear na rede, ele é facilmente identificado e a sua tentativa é imediatamente neutralizada. Não há incentivos para trapacear na rede bitcoin, é uma rede que beneficia quem segue as regras do protocolo e não o contrário.

Bitcoin é mais eficaz em ser dinheiro do que as moedas que a gente utiliza como dinheiro hoje em dia. E é por isso que bitcoin tem tanto valor.

Portanto, muito além do seu preço hoje, você precisa enxergar o bitcoin como uma revolução tecnológica e financeira.

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Carol Souza

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Carol Souza

Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.

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