Negaram, xingaram, mas contra fatos não há argumentos: os bancos tiveram que mudar diante da nova realidade. Inventaram mil e uma narrativas contra o Bitcoin e agora mudaram a estratégia, vindo com tudo na tentativa de monopolizar o acesso.

Antes do Bitcoin, o sistema financeiro dependia exclusivamente dos bancos. Era fechado, burocrático e carrancudo; só funcionava em horário comercial e os retornos da poupança eram risíveis. Ainda por cima, os gerentes forçavam produtos como títulos de capitalização goela abaixo.

Por muito tempo, os bancos tentaram queimar o Bitcoin. Até 2021, só atacavam, dizendo que ele “não tinha valor intrínseco”, que era “coisa de criminoso”, que era “muito arriscado” e que não era confiável porque o Bitcoin poderia “ir a zero”.

Como você pode ver abaixo, eles chegaram até a fechar contas de clientes, exchanges e operações P2P.

Esses argumentos eram válidos enquanto o Bitcoin era considerado apenas especulação, mas após a alta do último ciclo em 2021, o Bitcoin tornou-se a nova estrela dos investimentos, um ativo de diversificação, um “ouro 2.0”, o futuro do dinheiro.

Para o Bitcoin, nada disso importa; Bitcoin é honey badger, ele não dá a mínima. Bitcoin nem ataca, ele simplesmente existe. Cria um bloco a cada 10 minutos e está focado em seguir seu mecanismo de consenso.

O simples fato de o Bitcoin existir e resistir em meio a tanta manipulação e calúnia é o que o diferencia de todos os demais. Assim, toda vez que o Bitcoin não morre, expõe o quanto todos os engravatados estavam errados desde o início.

Com o crescente interesse no Bitcoin, os bancos tiveram que dar o braço a torcer e até os bancões mais engessados passaram a oferecer soluções envolvendo Bitcoin. Então, neste artigo, vamos entender quais bancos brasileiros estão oferecendo Bitcoin e como eles estão fazendo isso.

Vamos lá?!

Por que os bancos estão interessados no Bitcoin?

Um relatório divulgado pela Coincub classifica os bancos brasileiros como um dos mais receptivos do mundo em relação ao Bitcoin e outras moedas. Inclusive, o Brasil tem se destacado mundialmente quanto à adoção desses ativos por parte dos bancos.

Esse interesse pode ser associado à crescente procura por novas formas de investimentos e ativos alternativos. Além disso, a situação econômica do Brasil também leva pessoas que desejam proteger seu patrimônio a buscar alternativas para isso, e muitas acabam encontrando o Bitcoin.

Portanto, conforme o relatório, o estado de São Paulo se destaca como um local central para os provedores de Bitcoin, incluindo bancos como o Banco do Brasil, Nubank e Itaú.

Gráfico da Coincub que mostra bancos que oferecem serviços criptos por continente

Quais bancos oferecem serviços com Bitcoin?

No Brasil, os principais bancos que já oferecem serviços com Bitcoin incluem Nubank, Banco do Brasil, BTG Pactual, Itaú e Inter.

Esses bancos foram os primeiros a apresentar algum serviço para acesso ao bitcoin, sendo o BTG o mais expressivo, pois possui uma plataforma própria para negociação de ativos, chamada Mynt.

Entretanto, apesar de parecer positivo que bancos tradicionais estejam se expondo ao Bitcoin para oferecer isso aos seus clientes, é necessário ter cautela. Isso ocorre porque esses bancos não são necessariamente especializados nesse tipo de serviço e muitos não permitem o saque de Bitcoin, impedindo que você faça sua própria custódia.

Além disso, eles costumam ser pouco claros sobre como armazenam os fundos de BTC.

Bora entender como cada um desses bancos e contas digitais brasileiras estão se posicionando no mercado de Bitcoin e como estão oferecendo Bitcoin para seus clientes.

Nubank

O Nubank foi um dos primeiros bancos a oferecer um serviço de compra e venda de Bitcoin diretamente pelo aplicativo do banco. A ferramenta foi lançada em 2022 sob a nova frente do banco chamada Nubank Cripto.

Algumas características da Nubank Cripto são:

  • No Nubank Cripto o valor mínimo de compra é de R$1,00.
  • As taxas são avaliadas diariamente, portanto, é possível saber o valor a ser pago apenas no momento da compra de Bitcoin no aplicativo.
  • O Nubank também oferece a opção de configurar compras programadas de Bitcoin, com um valor mínimo de R$ 80 por mês.

No dia 22 de abril de 2024, o Nubank anunciou a liberação gradativa da função de depósito e saque de Bitcoin para seus usuários. Agora, é possível que os usuários transfiram Bitcoin da conta digital para suas próprias carteiras de Bitcoin. Anteriormente, só era possível vender e resgatar em reais.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil é uma das instituições financeiras mais tradicionais que temos no Brasil. Atualmente, o banco não oferece compra e venda direta – como no Nubank – mas possuem um fundo de negociação.

Por meio do BB Assets, o Banco do Brasil possui um fundo multimercado com exposição ao Bitcoin e outras moedas.

O BB Multimercado Criptoativos Full IE é o instrumento financeiro que recebeu aprovação para se tornar um fundo multimercado disponível para o varejo. 

BB Multimercado Criptoativos Full IE

Dessa forma, os clientes agora podem negociar Bitcoin a partir de R$ 0,01. Cerca de 5 mil clientes da BB Assets podem usufruir desse fundo.

É importante lembrar que, ao comprar Bitcoin por meio de fundos e ETFs, você não possui o Bitcoin de fato, mas sim exposição ao seu preço. Ou seja, você não consegue sacar o Bitcoin e perde toda a autonomia e liberdade que o Bitcoin oferece.

Além disso, o próprio Banco do Brasil possui exposição aos ETFs de Bitcoin, sendo um dos maiores investidores institucionais no ETF da BlackRock. Eles ocupam o 8º lugar na lista, com cerca de R$ 8 milhões investidos em cotas do fundo.

BTG Pactual

O BTG Pactual é atualmente o maior banco de investimentos da América Latina.

O banco estuda o mercado de ativos digitais desde 2017, começando com a emissão de um token. Posteriormente, envolveu-se com fundos e, em 2022, lançou a Mynt, uma plataforma própria da BTG para negociação de Bitcoin e outros ativos digitais.

Na Mynt é possível comprar e vender Bitcoin, além de ser possível sacar e enviar ativos para dentro da plataforma. Além disso, a taxa de negociação pode ser de até 0,5%. 

Página da Mynt, plataforma crypto do BTG Pactual

Itaú

O Itaú foi mais um banco que começou a oferecer serviços com Bitcoin por meio da sua plataforma de investimentos, íon. O principal motivo para a adição dessa funcionalidade foi a alta demanda dos clientes.

As negociações na plataforma íon podem ser realizadas a partir de R$ 10, e a custódia dos ativos fica com a plataforma, como é usual nas exchanges tradicionais.

Portanto, até o momento, não é possível transferir Bitcoin da plataforma para a própria carteira fria ou carteira quente do usuário.

Além disso, o banco também participa da implementação do DREX, a suposta CBDC brasileira que seria lançada neste ano de 2024.

Plataforma Íon do Itaú

Inter

Por fim, o Inter também é um dos principais bancos brasileiros que oferecem compra e venda de bitcoin. Para ele, o valor mínimo para compra é de R$1,00 por meio do Inter Cripto.

As negociações funcionam dentro do próprio aplicativo do banco. Para isso, basta ir em investimentos > investir > criptomoedas.

Como é de praxe em bancos, por enquanto é possível apenas negociar compra e venda internamente; ou seja, não é possível realizar saques para sua própria carteira.

Além disso, assim como no Nubank, as taxas são definidas no momento da compra e são exibidas na tela. É cobrado o valor da operação (taxa da rede) mais a taxa de mediação do banco (taxa de corretagem).

Inter cripto

Prós e contras de negociar bitcoin em bancos

Para aqueles já inseridos no mundo do Bitcoin, negociar em bancos pode parecer completamente fora de cogitação. No entanto, existem diferentes realidades e, para algumas pessoas, essa pode ser a única opção viável em determinado momento.

Assim, dentre as vantagens que algumas pessoas podem enxergar está o fato de os bancos já serem instituições estabelecidas no mercado, além de estarem sempre sujeitos à regulamentação.

Algumas pessoas também têm mais familiaridade com essas instituições, e a maioria dos bancos possui presença física, onde os clientes podem ir pessoalmente para tentar resolver algum problema.

Entretanto, o lado negativo é que essas ainda são instituições tradicionais no mercado, portanto, e estão mais alinhadas com os ideais fiat do que com os ideais trazidos pelo próprio Bitcoin. Muitos dele inclusive fazem uma salda de frutas e misturam Bitcoin e criptos propositalmente para oferecer esses produtos que em nada se parecem com bitcoin. Por isso que entidades que nasceram dentro do ecossistema do Bitcoin estão mais alinhadas com o ethos que Bitcoin trouxe, serviços como a Bipa ou a exchange Bisq cujo foco exclusivo é o Bitcoin.

Podemos destacar aqui algumas desvantagens significativas na compra de Bitcoin em bancos e contas digitais:

  • a maioria dos bancos não possui função de saque para a própria carteira;
  • obrigatoriedade de KYC;
  • dependente de permissão para acessar os serviços
  • comprometidos com o ethos fiat e não bitcoin
  • não é possível saber como eles armazenam os fundos que dizem ter e nem se possuem, de fato, as moedas que dizem vender.

Portanto, comprar Bitcoin em bancos é um contrassenso se você é um Bitcoiner. Apesar que para operações financeiras tradicionais eles pareçam confiáveis, eles estão à uma canetada de distância de mudar esses parâmetros.

Conclusão

A vantagem de bancos tradicionais começarem a oferecer Bitcoin para seus clientes é que isso demonstra até para os mais desconfiados que o Bitcoin é acessível a todos. Desmonta qualquer discurso que classifique o Bitcoin como uma pirâmide ou golpe, afinal, se grandes instituições, consideradas “renomadas”, estão se voltando para esse mercado, é um sinal de que ele está cada vez mais consolidado e bancos precisaram ofertar aos seus clientes para não perder mercado. É a teoria dos jogos e da sobrevivência financeira em ação.

Se bancos não conseguiram vencer o Bitcoin, resolveram se juntar a ele.

Espero que você tenha gostado desse artigo.

Até a próxima e Opt Out!

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Escrito por
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Carol Souza

Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.

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