Muito se fala no meio bitcoiner sobre o termo “fiat“, mas se você pensou na famosa marca de carros, pode esquecer!

Aqui, estamos falando do dinheiro emitido por governos – aquele que usamos no dia a dia sem nem questionar de onde vem ou como funciona. O real, o dólar, o euro e outras moedas fazem parte desse sistema chamado dinheiro fiat (fiduciário).

Se você nunca ouviu falar desse termo ou não sabe exatamente o que ele significa, este artigo vai te ajudar a entender de forma simples e direta.

Vamos explicar o que é dinheiro fiat ou fiduciário, como ele surgiu, quais são seus problemas e, claro, qual é a grande diferença entre ele e o Bitcoin.

Spoiler: um deles é criado de forma infinita pelos governos, enquanto o outro é escasso e descentralizado.

O que é o dinheiro fiat e de onde surgiu?

Dinheiro fiat, ou fiduciário, é o dinheiro estatal. Portanto, no Brasil, é o real, nos Estados Unidos, o dólar, e na Europa, o Euro.

A palavra fiat vem do latim e significa “assim seja” ou “faça-se”. No mundo do dinheiro, isso quer dizer que o valor das nossas notas e moedas não tem lastro em nada físico, como ouro ou prata. Elas valem simplesmente porque o governo determina que valem.

Ou seja, todo mundo aceita o real porque confia que ele será aceito para a compra de bens e serviços.

Mas nem sempre foi assim!

Antes do dinheiro fiat, as moedas eram feitas de metais preciosos, como ouro e prata, e possuíam valor intrínseco. Isso significava que era possível derreter uma moeda de ouro e ainda assim o metal continuaria tendo valor.

Entretanto, com o tempo, as pessoas passaram a armazenar seu ouro em bancos, que emitiam recibos de papel para representar o valor depositado. Esses recibos foram os primeiros “dinheiros de papel“, utilizados para facilitar o comércio sem a necessidade de carregar metais pesados.

Com a popularização desse sistema, os governos perceberam que poderiam emitir mais recibos do que a quantidade de ouro realmente disponível em reserva, dando início à prática do sistema bancário de reserva fracionária.

Isso significa que os bancos passaram a emprestar mais dinheiro do que tinham guardado, confiando que nem todos os clientes sacariam seus fundos ao mesmo tempo.

Imagem que representa o banco central

O papel dos bancos centrais

Os bancos centrais surgiram para regular essa prática e garantir que os bancos comuns não quebrassem de vez.

O primeiro banco central foi o Banco da Inglaterra, fundado em 1694, seguido por vários outros ao longo dos séculos.

Com o tempo, os governos começaram a desvincular suas moedas do ouro, resultando no abandono do padrão-ouro em 1971, quando os EUA encerraram a conversibilidade do dólar em ouro.

A partir dali, todo o dinheiro passou a ser apenas fiat, ou seja, dependendo exclusivamente da confiança no governo e na economia.

Os governos adoram o dinheiro fiat porque ele proporciona ainda mais controle sobre a economia. Assim, se precisam de mais dinheiro, basta “imprimir” ou criar do nada. Isso abre caminho para vários problemas que ferram com a vida financeira da população.

Os problemas do dinheiro fiduciário

O dinheiro fiduciário tem vários problemas que impactam diretamente o nosso dia a dia. Vamos entender melhor sobre alguns deles.

1. Inflação: um imposto invisível

Inflação é um dos maiores roubos silenciosos que existem. Ao imprimir dinheiro desenfreadamente, o governo dilui o valor da moeda, tornando cada unidade menos valiosa. Isso significa que você precisa de cada vez mais dinheiro para comprar os mesmos produtos e serviços.

Portanto, se você já percebeu que aquele lanche que custava R$10 há alguns anos agora está R$25, saiba que isso não é por acaso. Seu dinheiro está sendo corroído aos poucos, e toda população está sofrendo as consequências disso, pois recebem em moeda depreciada, enquanto os bancos e o governo se beneficiam da impressão descontrolada do dinheiro.

Falta de Lastro: dinheiro baseado em promessas

Antigamente, o dinheiro era lastreado em ouro. Muita gente não sabe, mas, hoje, o real, o dólar e outras moedas são apenas pedaços de papel (ou números digitais) sem lastro, garantidos apenas pela confiança na classe política. Se essa confiança desaparecer, a moeda desmorona, arrastando consigo economias inteiras.

Mais uma vez, não é coincidência que governos adoram dinheiro fiat: sem limites para impressão, eles podem gastar à vontade, endividar-se e repassar a conta para a população por meio da inflação.

Controle Centralizado: o Estado no comando do seu dinheiro

O dinheiro fiat ou fiduciário é controlado por bancos centrais e governos. Isso significa que políticos e burocratas podem congelar contas, confiscar patrimônio, limitar saques e até banir o uso de certas moedas se acharem conveniente.

Ah, e você deve estar pensando, mas isso jamais aconteceria…Pois é, no entanto, já vimos isso acontecer diversas vezes na história:

  • Bloqueios de contas na Argentina,
  • Confisco de ouro nos EUA na década de 1930,
  • Restrição de saques na Grécia
  • E, mais recentemente, sanções econômicas contra indivíduos e nações inteiras.

Quando o dinheiro é centralizado, você não tem controle real sobre sua própria riqueza.

Por isso, cada vez mais pessoas estão migrando para o Bitcoin, que diferente do dinheiro fiat, é descentralizado, escasso, resistente à censura e não pode ser inflacionado por decreto governamental.

Bitcoin: o antídoto para o dinheiro fiat

Se o dinheiro fiduciário tem tantos problemas, existe alguma alternativa à ele? Sim! E é aí que entra o Bitcoin.

O Bitcoin é um dinheiro digital descentralizado. Ninguém o controla, não há um banco central por trás e não é possível imprimir mais. Serão apenas 21 milhões de unidades de Bitcoin, e nada além disso. Mas, mais do que isso, o Bitcoin possui características únicas que o tornam muito superior às moedas fiat.

Bitcoin é um dinheiro digital descentralizado. Ninguém o controla, não há um banco central por trás e não é possível imprimir mais. Serão apenas 21 milhões de unidades de Bitcoin, e nada além disso.

Mas, mais do que isso, o Bitcoin possui características únicas que o tornam muito (e bota muito nisso) superior às moedas fiat.

Por que Bitcoin é um dinheiro melhor que as moedas fiduciárias?

O Bitcoin é um dinheiro melhor que as moedas fiat pois é descentralizado, transparente, escasso e seguro.

1. É descentralizado

Diferente do dinheiro fiat, o Bitcoin não tem uma autoridade central controlando sua emissão ou seu funcionamento. A rede do Bitcoin é mantida por milhares de computadores (nodes) espalhados pelo mundo, e qualquer pessoa pode rodar um node e verificar as transações por conta própria.

Assim, como não há um intermediário no controle, ninguém pode manipular ou censurar suas transações. Já nos sistemas bancários tradicionais, o governo e os bancos têm o poder de bloquear contas, congelar fundos ou limitar saques.

2. É transparente

No sistema fiat, as decisões sobre a economia são tomadas a portas fechadas por bancos centrais e governos. Já no Bitcoin, tudo é público e verificável na blockchain (ou timechain).

Todas as transações que ocorrem no Bitcoin ficam registradas de forma imutável, garantindo que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, possa auditar o sistema sem precisar confiar em terceiros. Isso evita corrupção, manipulação e fraudes.

3. É escasso

Diferente do dinheiro fiduciário, que pode ser impresso infinitamente pelos governos, o Bitcoin tem uma oferta fixa de 21 milhões de unidades.

Essa escassez programada impede a inflação descontrolada que corrói o poder de compra do dinheiro tradicional.

Além disso, estima-se que uma parte significativa dos bitcoins minerados tenha sido perdida ao longo dos anos, tornando-o ainda mais escasso.

Com um fornecimento previsível e limitado, o Bitcoin protege o patrimônio dos hodlers.

4. É seguro

A rede do Bitcoin é uma das mais seguras do mundo. Utilizando criptografia avançada e um imenso poder computacional para proteger suas transações, o Bitcoin é praticamente imune a qualquer ataque e falsificação.

Enquanto governos podem desvalorizar o dinheiro fiat imprimindo mais cédulas ou alterando regras monetárias, ninguém pode “criar” mais unidades de bitcoin ou modificar suas regras arbitrariamente.

Mas, e os desafios do Bitcoin?

Os desafios para a maior adoção de Bitcoin são: volatilidade e usabilidade.

Bora entender um pouco mais sobre eles.

1. Volatilidade

Um deles é a volatilidade. Seu preço sobe e desce feito montanha-russa, o que pode assustar quem não está acostumado. Mas isso acontece porque o Bitcoin ainda está em fase de adoção. Portanto, com o passar do tempo e mais gente usando, essa oscilação tende a diminuir.

E vale lembrar que as moedas governamentais também sofrem volatilidade, só que pra baixo!

Algumas simplesmente desabaram na última década. O caso mais absurdo é o da Argentina: o peso argentino perdeu nada menos que 98,3% do seu valor! Ou seja, quem guardou dinheiro no banco viu seu poder de compra praticamente sumir.

A lira turca também não ficou atrás, desvalorizando 93%. Isso sem falar no rublo russo, que caiu 63,2%, muito por conta de sanções econômicas e instabilidade política.

E o real? Bom, se você acha que está ruim, tem razão.

O real perdeu mais de 50% do seu valor nos últimos 10 anos, reduzindo pela metade o poder de compra do seu dinheiro. Se você sente que está mais difícil juntar grana e que os preços estão sempre subindo, é por isso.

imagem representando um cubo de gelo fiat

Enquanto as moedas fiat perdem valor, o Bitcoin ganha.

No mesmo período, últimos 10 anos, Bitcoin apresentou uma valorização impressionante, tendo um crescimento de aproximadamente 26.931%.

E aí, você prefere deixar seu patrimônio em cubo de gelo que derrete ou em um dinheiro sólido?

2. Usabilidade

Outro desafio do Bitcoin é a usabilidade. Ainda não dá para pagar tudo com Bitcoin, mas essa realidade está mudando rápido. Empresas grandes, pequenos comércios e serviços já começaram a aceitá-lo, e a tendência é que no futuro seja tão comum pagar um café com Bitcoin quanto passar um cartão de crédito.

E olha que apesar desses dois desafios, o Bitcoin não para de crescer. A cada dia, mais pessoas entendem sua importância e começam a usá-lo, seja como reserva de valor ou como dinheiro no dia a dia.

O caminho pode ter alguns percalços, mas a transformação já começou e é uma questão de tempo para que as pessoas entendam as diferenças gritantes entre moeda fiat ou fiduciária e Bitcoin.

Conclusão

Como vimos, o dinheiro fiat é o sistema padrão atualmente, mas está repleto de problemas.

Inflação, emissão descontrolada e controle governamental são apenas alguns dos fatores que tornam esse modelo insustentável para a saúde financeira das pessoas.

O Bitcoin surge como uma alternativa imbatível, oferecendo um sistema descentralizado, transparente e com oferta limitada. Ele representa um caminho para um futuro financeiro mais justo, onde as pessoas têm soberania sobre seu próprio dinheiro.

Espero que este artigo tenha ajudado você a entender o que é dinheiro fiduciário e por que o Bitcoin é uma opção mais sólida e melhor.

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Escrito por
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Carol Souza

Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.

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