Este relatório iniciará o mapeamento de algumas métricas de adoção do Bitcoin no Brasil a partir de dados populacionais, comerciais e comportamentais disponíveis.
Mas não para por aí! Vamos também explorar o terreno das empresas e iniciativas “Bitcoin Only” que estão moldando esse cenário no país.
Prontos para desbravar esse universo?
Tópicos:
Adoção do Bitcoin no Brasil
Em diversas pesquisas, os termos Bitcoin e criptomoedas se misturam. Atualmente, o Bitcoin representa mais de 50% da capitalização de mercado em relação ao conjunto de todas as 25 mil criptomoedas existentes.
Devido à grande importância, mas baixa diferenciação de dados entre Bitcoin e outras criptomoedas, irei considerar que os dados de adoção coletados por outros pesquisadores consideram Bitcoin em sua coleta.
No levantamento de 2022 da Chainalysis, o Brasil estava em sétimo lugar em adoção global. Contudo, em 2023, pesquisas demonstram que o país subiu posições nos rankings globais e nas buscas.
Nessa pesquisa Global Digital Report da Hootsuite e We Are Social de abril de 2023, cerca de 18,7% dos brasileiros de 16 a 64 anos afirmaram ter criptomoedas. Isso coloca o Brasil em 5º lugar nessa pesquisa, acima da média global, que foi de 10% e da pesquisa anterior, de 2022, em que o Brasil estava na sétima posição.
Já segundo o Hedge With Crypto, o Brasil ocupa o terceiro lugar em adoção. Houve um grande aumento na média mensal de buscas em 355% e 3.326 artigos relacionados em 2022.
Nesse estudo, 24% da população brasileira relatou possuir ou usar criptomoedas em 2022, um aumento considerável em relação aos 13% de 2020.
Segundo Statista, de 2019 a 2023, o Brasil segue em 5º lugar no ranking no acumulado dos anos, atrás da Nigéria, Turquia, Emirados Árabes e Indonésia.
É notável como, ao longo dos últimos 4 anos, todos os países vêm crescendo em adoção.
Em 2023, a maioria dos países apresentou aumento no número de entrevistados que afirmaram possuir bitcoin ou outra criptomoeda, mesmo durante o período de bear market.
Turquia e Nigéria lideram o ranking com 47% dos entrevistados indicando possuir ou usar criptomoedas em 2023.
O Brasil teve 28% dos entrevistados afirmando possuir ou usar criptomoedas em 2023, mais que o dobro em relação à mesma pesquisa em 2021 (12%).
Buscas por Bitcoin no Google Search
No histórico de buscas no Google pelo termo “Bitcoin”, o Brasil vem crescendo ao longo dos anos.
Em 2019, a média era de 360 mil buscas por mês, em 2020 passou para 820 mil, em 2021 e 2022 manteve a média de buscas acima de 1 milhão por mês.
Em 2023, tem mantido essa média próxima de 1.5 milhões de pesquisas por mês, mesmo em período de baixa.
Esse aumento das buscas representa uma elevação de 416% em relação às pesquisas de 2019, bear market anterior, o volume mensal cresceu mais de 5 vezes de 2019 a 2023 na média.
Em maio de 2023, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, país que lidera as pesquisas pelo termo “Bitcoin” no google. Teve mais de 2.2 milhões de buscas.
Brasil atualmente tem o mesmo volume de buscas mensais que os Estados Unidos, embora no Google Trends eles troquem de posição constantemente. No dia 5 de maio, o print abaixo demonstra que o Brasil estava na 5ª posição, enquanto os EUA estavam na 29ª posição.
Um mês depois, os EUA passaram para a 18ª posição, enquanto o Brasil foi para a 25ª posição. Isso demonstra como, no curto prazo e de acordo com as notícias, as posições no Google Trends tendem a se modificar facilmente. Por isso, o ideal para medir adoção, interesse e comparar entre países é analisar séries históricas ao longo dos ciclos.
O Google Trends mede o interesse nas buscas proporcionalmente em relação à população e não em relação ao volume total. É por isso que, nele, El Salvador está em primeiro lugar, e no Semrush, que mede o volume total de buscas, os Estados Unidos continuam em primeiro lugar e o Brasil em segundo.
O Brasil é um dos líderes globais em adoção do Bitcoin por empresas, comunidades e em interesse nas buscas, tendo um volume mensal de pesquisas próximo ao dos EUA.
Mas e quanto ao termo Lightning Network?
Buscas por Lightning Network no Google Search
A Lightning Network, camada dois do bitcoin voltada para escalabilidade, também apresentou grande crescimento nos últimos 11 anos nas buscas.
Com o aumento da adoção do Bitcoin e o desenvolvimento da rede lightning, a média de buscas tem ficado acima dos 25 pontos do Google Trends desde maio de 2021. A média de buscas por Lightning Network também seguiu crescendo mesmo durante o bear market de 2022 e 2023.
O volume de buscas mensais em 2019 girava em torno de 210, e em 3 anos, essa média subiu para 1.600 buscas mensais em 2022, representando um aumento de 760% em apenas 3 anos.
Em maio de 2023, o termo Lightning Network na busca do Google no Brasil ficou em segundo lugar em volume global, apenas atrás dos Estados Unidos.
Motivos da adoção e liderança brasileira entre países que adotaram Bitcoin
Estes dados demonstram o aumento consistente da procura dos brasileiros por Bitcoin e Lightning Network de maneira informativa e educativa. Isso se deve a um conjunto de fatores, como:
- perfil populacional heavy user de internet,
- especulativo,
- histórico de inflação alta,
- burocracia do sistema financeiro,
- tributação recorde global,
- busca por proteção em um sistema financeiro alternativo por desconfiança do sistema financeiro legado
- e o desenvolvimento crescente de ações educativas e comunidades.
Adoção e acesso à Internet
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem cerca de 213 milhões de habitantes, e 70% têm acesso à internet. No Global Report, esse número é de 84,3% dos entrevistados, acima da média global que é de 64,6%.
O Brasil é o segundo país em tempo gasto na internet, cerca de 9 horas e 15 minutos por dia.
Em 2022, o Brasil ocupava a terceira posição no ranking; em 2023, subiu para o segundo lugar.
Esses dados nos ajudam a perceber que o perfil do brasileiro é ultraconectado, usando a internet e recursos digitais com frequência na busca por informação. Logo, os brasileiros estão pesquisando muito e querendo entender o Bitcoin.
Portanto, esse interesse é reflexo de décadas de crises econômicas, inflacionárias e da destruição constante do poder de compra da moeda brasileira.
Desvalorização de Moedas Fiduciárias
Segundo pesquisa da Bloomberg, o Real foi a quarta pior moeda do mundo nos últimos 10 anos em relação às principais moedas globais, tendo mais de 60% de desvalorização.
A perda do poder de compra fiat é determinante para a adoção do Bitcoin. É por isso que Turquia e Nigéria são os países em que quase metade da população afirmou ter Bitcoin. São países que estão passando por graves crises inflacionárias, e o Bitcoin é uma boia de salvação quando o dinheiro governamental falha.
Outros fatores de adoção
O Brasil tem corrido à frente quanto a questões regulatórias, tributárias e corporativas.
Foi um dos primeiros a ter regras tributárias estabelecidas, através da Lei das Criptomoedas. Recentemente, ficou estabelecido por decreto que o Banco Central será responsável por autorizar e regular prestadoras de serviços em Bitcoin e criptomoedas, e supervisionar as empresas desse segmento.
Criptoativos considerados valores mobiliários ficarão sob a responsabilidade da CVM. Entretanto, ainda não foram bem descritos quais critérios determinam se um ativo digital é uma moeda, uma commodity ou um valor mobiliário.
Além disso, o Brasil foi o primeiro a criar um ETF de Bitcoin spot. O governo do Rio de Janeiro anunciou que iria inserir Bitcoin no tesouro da cidade, e empresas líderes nos seus setores estão integrando Bitcoin nos seus modelos de negócio e aceitando Bitcoin como pagamento, como é o caso da Grafisa.
O Brasil tem batido recordes em CPFs que declaram operações com Bitcoin e criptomoedas. Em agosto de 2021, eram 439 mil CPFs cadastrados, e um ano depois, o número chegou a 1,3 milhão, um aumento de cerca de três vezes de um ano para o outro.
Em 2023, um novo recorde foi batido, com 1,99 milhão de CPFs e 65,6 mil CPNJs que reportaram operações para a Receita Federal. O crescimento foi de 23,8% no número de investidores pessoa-física e de 6,4% na quantidade de pessoas jurídicas.
Ecossistema Bitcoin Only Brasileiro
O ecossistema Bitcoin Only brasileiro é um dos maiores globalmente. Empresas e iniciativas relativas à educação, serviços financeiros, mineração, meetups, conferências, produtos e comunidades seguem expandindo aceleradamente.
Abaixo, mapeamos os projetos ativos atualmente e suas áreas de atuação.
O Brasil é um país com grande adoção do Bitcoin e possui uma comunidade atuante, reflexo de um conjunto de fatores locais, econômicos e comportamentais que tornam o país uma das principais lideranças globais no assunto.
Quais países já adoratam o Bitcoin?
Até o momento, os países que adotaram o Bitcoin como moeda oficial são:
- El Salvador: em 7 de setembro de 2021, El Salvador tornou-se o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda oficial. A legislação foi aprovada pelo Congresso, e a medida entrou em vigor em setembro de 2021.
- República Centro-Africana: A República Centro-Africana tornou-se o segundo país a adotar o Bitcoin como moeda oficial. O parlamento do país votou unanimemente a favor do projeto de lei, seguindo o exemplo de El Salvador. No entanto, em março de 2023, a decisão foi revogada, e o Bitcoin deixou de ser a moeda oficial. O motivo exato da revogação não é claro, mas houve pressão internacional e uma discussão liderada pelo presidente indicando seu apoio à revogação. Apesar disso, o Bitcoin continua tendo relevância no país como moeda de referência.
Espero que tenha gostado do artigo, não deixe de compartilhar com amigos e opt out!
Compartilhe em suas redes sociais:
Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.
Curtiu esse artigo? Considere nos pagar um cafezinho para continuarmos escrevendo novos conteúdos! ☕