As duas maiores empresas de processamento de pagamentos do mundo, podem estar com os dias contados. Provavelmente são as próximas “Xerox” dos nossos tempos. Isso porque tem um novo sistema de pagamentos surgindo, uma nova tecnologia muito mais rápida, mais eficiente, mais barata e global. Se chama Lightning Network, um protocolo que funciona no bitcoin.

O que a Visa e a Mastercard tem a ver com Bitcoin?

Tem tudo a ver. Pensa comigo. Primeiro você precisa lembrar que bitcoin é uma moeda e que essa moeda pode ser dividida em vários pedacinhos e pode ser transacionada pelo mundo inteiro. Se isso pode ser feito, então quer dizer que as pessoas podem não precisar mais de cartões de débito e crédito para fazer pagamentos. E é aqui que esses dois assuntos se encontram.

Mas esse é só o começo da conversa, nós vamos um pouco mais além.

Pra transacionar bitcoin da maneira como ele foi criado, é lento e caro. E também não suportaria milhares de pessoas fazendo isso ao mesmo tempo. São questões técnicas. Porém esse entrave de escalabilidade foi resolvido com uma solução chamada Lightning Network. Um protocolo construído no bitcoin e que permite essa escala no processamento de pagamentos em bitcoin ao redor do mundo.

Abaixo trago pra você alguns dados interessantes e chocantes.

  • A Mastercard processa hoje 5.000 transações por segundo
  • A Visa processa  24.000 transações por segundo, ou seja, te uma capacidade bem maior que a Mastercard.

Mas sabe quantas transações por segundo a rede Lightning do bitcoin é capaz de processar? Mais de 1 milhão de transações por segundo!

Isso que é evolução de tecnologia né?

Qual a diferença entre a rede Lightning e as empresas como Visa e Master?

A Visa e a Master são instituições financeiras que buscam lucro e controle das operações. Já a Lightning Network é um um protocolo sem dono e que se apoia na segurança e descentralização do bitcoin. Estamos falando aqui da evolução da internet, a evolução dos pagamentos e a evolução da humanidade.

Mas para além da velocidade e da capacidade de processamento muito acima das companhias de cartão, existem super poderes na rede lightning que permitem que o bitcoin faça o que a Visa e a Mastercard jamais ousaram fazer.

LN Adress

O primeiro super poder é a capacidade de enviar pagamentos como se fosse um email. Esse mecanismo se chama LN Address. Com ele você cria um endereço Lightning e qualquer pessoa pode te enviar satoshis através dele. No site da LN existem várias opções de geradores de endereços para você escolher.

Ao contrário da Visa, Mastercard ou do próprio Pix, que necessitam de vínculo com uma instituição financeira que exige milhares de dados, o seu LN Address não precisa de nenhum dado. É só gerar e tá pronto pra receber sats.

Assista esse vídeo e aprenda como fazer um lightning address usando a carteira Alby no desktop do seu pc:

Como as transações Lightning não ficam registradas na blockchain, o compartilhamento desse endereço público não compromete a sua privacidade porque não dá para ver quantos bitcoins você já recebeu ou enviou. Ao contrário de transações on chain, onde é possível verificar quantos bitcoins um determinado endereço possui. Na rede lightning as informações são p2p, só quem está envolvido na transação consegue ver as informações da sua operação.

Value 4 Value

Com a possibilidade de conectar endereços lightning em redes sociais surge o segundo super poder que Lightning destrava para o bitcoin: o “value 4 value”. Em português, “valor por valor”, são trocas em que alguém entrega valor, informação e conteúdo para outra pessoa, em troca de algum valor: satoshis.

Isso muda o jogo pois Visa e Master nunca conseguiram ser integradas em redes sociais da mesma forma, ainda mais possibilitando micro transações e envio atômico de valores entre pessoas, globalmente e sem instituições financeiras no meio.

Vou dar um exemplo, para ficar mais fácil.

Você está no Twitter e vê uma thread sobre um assunto que você domina, vamos dizer que é sobre futebol. De repente, você percebe que a thread está equivocada em um ponto e corrige o autor. Seu comentário recebe vários likes e o criador da thread até te agradece pela correção.

Você entende que, de certa forma, você trouxe valor para a comunidade do Twitter? Você corrigiu uma informação falsa e várias pessoas gostaram disso. Porém, mesmo assim, você não ganhou nada além de alguns likes. Com a Lightning Network, ao invés de dar joiazinhas, quem curtir o que você falou pode te enviar satoshis e te recompensar de uma forma muito mais interessante: em frações de bitcoin.

Além de apps como a Alby que integra nas redes sociais já conhecidas como youtube, twitter e telegram, vários projetos focados no value 4 value em lightning estão surgindo, como:

  • Carrot um aplicativo de artigos sobre Bitcoin;
  • Zion uma rede social bitcoiner;
  • Fountain um app de podcast que tá chamando atenção geral.

No Fountain, por exemplo, você ganha alguns satoshis ao criar e ouvir podcast. Você pode também fazer recortes com seus trechos favoritos e quando alguém curtir o seu recorte você ganha sats junto com o criador. Vale deixar claro que esse modelo ainda é um teste. A maior dificuldade é balancear o entretenimento com o ganho de forma saudável.

Transporte de ativos através da rede

O último superpoder de lightning é a capacidade de transportar outros ativos através dessa rede, coisa que Visa e Master não permitem. Um exemplo disso é o protocolo Taro que está sendo desenvolvido, uma criação da Lightning Labs que permite o envio de stablecoins e até ativos digitais pela Lightning Network.

Mas como funciona isso?

Imagina que você precisa fazer um pagamento de 10 reais em dólar australiano para alguém que está do outro lado do mundo. Você não consegue fazer isso via Transfer Wise, cartão de crédito ou sistemas de remessa porque o serviço vai ser mais caro do que os 10 reais que você precisa enviar. Além de demorar dias pra chegar. Qual a saída? Lightning Network!

Você pode fazer esse pagamento instantâneo, com taxas ridiculamente baixas (menos de um centavo) e sem envolver banco ou instituição financeira fiat. Tudo através da estrutura de camadas do bitcoin e sem precisar ficar fazendo conversão em exchange.

Esse tipo de operação é incrivelmente poderosa, pode ser a ponte entre as pessoas que não se expõem ao bitcoin por causa da volatilidade e os bitcoiners que querem a hiperbitcoinização. A grande sacada é que Taro usa o trilhos da lightning para enviar e receber valor globalmente em qualquer moeda sem precisar vender os bitcoin trocando por fiat. Comerciantes podem receber diretamente em uma moeda estável apoiada na estrutura bitcoin, sem precisar de conversão para fiat ou uma stablecoin de outra blockchain.

Taro fortalece o bitcoin e a economia circular dele porque:

  1. a rede Lightning, que passa a ter mais liquidez;
  2. os donos de canais Lightning, que, por causa do aumento das transações, recebem mais taxas;
  3. o usuário, que consegue utilizar a rede de pagamentos para enviar diversos tipos de moedas;
  4. conecta o mercado financeiro tradicional com o Bitcoin sem precisar de outra blockchain, usando o alto nível de segurança e descentralização do bitcoin.

É assim que bitcoin faz as duas maiores processadoras de pagamento do mundo, a Visa e a Mastercard, comerem poeira através desses três super poderes: LN Address, value4value e o transporte de stablecoins e ativos digitais em segunda camada.

A rede lightning é um protocolo jovem que está se consolidando e por isso não é seguro para você guardar seu bitcoin para o longo prazo. As aplicações em lightning ainda estão em desenvolvimento e possuem riscos de bugs. O maior uso nesse momento é para valores baixos para testar e usar essas novas soluções que estão surgindo agora. Valores maiores e com foco em guardar para o longo prazo devem ficar em uma carteira em camada blockchain.

Ainda não sabe a diferença entre as camadas on chain e lightning? A gente te ensina no Bitcoin Starter, onde temos mais de 100 aulas pra você entender o que é, como funciona e como investir em bitcoin.

Abraços e opt out.

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Escrito por
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Carol Souza

Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.

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