Em meio à crescente adoção e interesse no Bitcoin como ativo de investimento, existe um modelo amplamente discutido chamado “Stock-to-Flow” (S2F).
O Stock-to-Flow é um conceito amplamente utilizado na análise do Bitcoin. Trata-se de uma métrica que relaciona a quantidade total de Bitcoins existentes (o estoque) com a taxa de produção nova de Bitcoins (o fluxo) por meio da mineração.
Este modelo ganhou popularidade por sua tentativa de quantificar a escassez do Bitcoin e prever o seu valor no futuro com base nessa escassez.
Vamos entender mais sobre esse modelo!
O que é Stock-to-Flow?
O stock-to-flow, ou estoque para fluxo, é um conceito econômico que mede a relação entre a quantidade de um ativo existente e a quantidade adicionada ao longo do tempo.
A teoria do Stock-to-Flow (S2F) foi introduzida por um analista anônimo conhecido pelo pseudônimo “PlanB“. Assim, como vimos acima, S2F é um modelo usado originalmente em commodities para medir a quantidade existente de um recurso (stock) contra a quantidade de produção nova (flow).
Em termos simples, quanto maior o número S2F, mais escasso é o recurso.
No Bitcoin, o “stock” refere-se ao número total de Bitcoin em circulação, enquanto o “flow” refere-se ao número de novos Bitcoin gerados pelos mineradores.
Como funciona esse modelo?
Usando como base uma fórmula matemática, é possível compreender o funcionamento do modelo stock-to-flow, que leva em consideração tanto o estoque total de bitcoins já emitidos quanto o fluxo de produção das moedas.
A fórmula básica do Stock-to-Flow é simples:
Stock-to-Flow (S2F) = Estoque Atual / Fluxo Anual
O “estoque” é a quantidade total do ativo em circulação, enquanto o “fluxo” é a quantidade adicionada ao estoque em um determinado período (geralmente um ano).
Suponha que, no momento, existam 18,5 milhões de Bitcoins em circulação (estoque) e que a taxa de produção atual seja de 900 Bitcoins por dia (fluxo anual).
Agora, aplicaremos a fórmula do S2F:
Stock-to-Flow= 18,500,000 / (900 x 365)
Neste caso, o índice S2F do Bitcoin seria aproximadamente 55,89. Isso implica que seria necessário cerca de 56 anos de mineração contínua para produzir toda a oferta atual de bitcoins, sem considerar a oferta máxima e a política de halving (falaremos mais sobre isso abaixo).
Comparação Bitcoin com o ouro e prata
PlanB compara o Bitcoin com o ouro, destacando a semelhança entre os dois ativos em relação à escassez.
Atualmente, o ouro está próximo de atingir 100% de escassez, o que significa que quase todo o ouro disponível no planeta já foi extraído.
A imagem abaixo apresenta uma linha horizontal que representa a escassez e uma linha vertical à esquerda que representa a capitalização de mercado de cada metal.
O ouro é o ativo mais escasso, o que o coloca mais à direita e no topo do gráfico.
Representado como uma bola amarela, o ouro exibe o maior nível de escassez e capitalização de mercado. Em contraste, a bola cinza representa a prata, que possui escassez e valor abaixo do ouro. Por fim, as várias bolinhas coloridas representam o Bitcoin, destacando sua trajetória de valorização e aumento daescassez ao longo do tempo.
O ouro possui uma capitalização de mercado superior a 10 trilhões de dólares e é reconhecido por ter o mais alto nível de escassez. Esse status foi construído ao longo de milênios, consolidando-o como uma reserva de valor confiável. Por outro lado, a prata possui uma capitalização de mercado de cerca de um trilhão de dólares e está ligeiramente atrás em termos de escassez.
Stock-to-Flow e Bitcoin
O Bitcoin é único em termos de sua oferta finita, fixada em 21 milhões de unidades. O modelo Stock-to-Flow é aplicável ao Bitcoin porque ele também tem um fluxo de produção (mineração) que é reduzido pela metade a cada quatro anos, num evento chamado halving.
Assim, ao longo do tempo, enquanto a quantidade de Bitcoin (stock) aumenta gradualmente, a taxa em que novos Bitcoins são produzidos (flow) está programada para diminuir. Isso aumenta o ratio S2F e, teoricamente, o preço do Bitcoin.
Dessa forma, Plan B começou a projetar o preço do Bitcoin com base nos halvings, nos ciclos de mercado, na escassez e na capitalização de mercado. Ele estimou em que valor o Bitcoin estaria de acordo com o seu estoque naquele momento, levando em consideração a quantidade de Bitcoin que ainda falta ser minerado.
Relação escassez e preço Bitcoin
No gráfico abaixo, temos outra forma de observar o modelo Stock-to-Flow, sem considerar o ouro e a prata.
É um gráfico bastante conhecido que permite observar a relação entre a escassez e o preço do Bitcoin. A linha marrom representa o estoque que está entrando em circulação, e a cada degrau que sobe indica um aumento na escassez. Isso significa que o Bitcoin tende a se tornar mais escasso no mercado, o que geralmente resulta em um aumento significativo do preço, impulsionando-o para cima.
A linha marrom neste gráfico representa a lógica e a projeção de valorização do Bitcoin. Conforme a escassez da moeda aumenta, o preço do Bitcoin é acompanhado por meio das bolinhas no gráfico.
Assim, cada bolinha representa um estágio desse processo de valorização.
Além disso, a cor das bolinhas é determinada pela barra lateral à direita, em que o roxo representa o ponto mais próximo do halving.
O ciclo inicia com a cor vermelha, seguida pela amarela, verde e azul, até chegar ao roxo antes do próximo halving. Podemos imaginar o ciclo começando “quente”, indicando que está pronto para uma tendência de alta. Quando o preço sobe, as bolinhas correspondentes ficam verdes, assim como os candles verdes em um gráfico de velas.
Conforme o ciclo chega ao fim, tudo se torna “frio”, representado pelas cores azul escuro e roxo, como se estivesse congelado. Em seguida, inicia-se um novo ciclo a partir da bolinha vermelha.
Após o primeiro halving em 2012, o preço do Bitcoin atingiu US$ 1.000 e depois passou por uma correção, caindo para menos de US$ 10 em 2014. Em seguida, ocorreu o halving de 2016 e novamente houve uma alta expressiva, levando o preço a US$ 1.000, seguido por uma nova correção.
De acordo com essa teoria, estima-se que em 2030 poderia ser o prazo para que o preço do Bitcoin atingisse a marca de US$ 1 milhão.
Confira em tempo real o modelo Stock To Flow.
Críticas ao modelo S2F
Embora atraente em sua simplicidade, o modelo Stock-to-Flow tem sido objeto de críticas.
Uma delas é a suposição de que a escassez por si só determina o valor. O preço de um ativo é também influenciado por uma multiplicidade de outros fatores como demanda, utilidade, regulação e sentimento do mercado.
Além disso, outra crítica é que o modelo supõe que o mercado de Bitcoin opera de forma eficiente e que o preço reflete todas as informações disponíveis.
Sabemos, no entanto, que os mercados podem ser irracionais, influenciados por comportamentos especulativos e emoções.
Há outros métodos que “preveem” o preço do Bitcoin?
Existem diversos métodos e abordagens utilizados para tentar prever o preço do Bitcoin. No entanto, é importante destacar que o mercado de criptomoedas é extremamente volátil e imprevisível, e nenhuma abordagem pode garantir previsões precisas.
Aqui estão mais alguns métodos:
Rainbow Chart
Também conhecido como Gráfico Arco-Íris, esse é um gráfico de cores que representa a tendência de longo prazo do preço de uma criptomoeda.
Cada cor representa uma faixa de preço específica ao longo do tempo.
O Rainbow Chart não é uma ferramenta de previsão precisa, mas pode ajudar a visualizar tendências históricas de preços.
Teoria do Ciclo de Mercado
Essa teoria sugere que os mercados de criptomoedas passam por ciclos previsíveis de alta e baixa. Alguns analistas acreditam que esses ciclos podem ser usados para prever momentos de entrada e saída do mercado.
Lei de Metcalfe
Esse modelo sugere que o valor de uma rede, como uma criptomoeda, é proporcional ao quadrado do número de usuários ou nós na rede. Ele se baseia na ideia de que o valor aumenta à medida que mais pessoas adotam a tecnologia.
Teoria das Ondas de Elliott
Desenvolvida por Ralph Nelson Elliott, essa teoria sugere que os preços dos ativos se movem em padrões repetitivos de cinco ondas (impulsivas) seguidas por três ondas (corretivas).
Os defensores da Teoria das Ondas de Elliott acreditam que esses padrões podem ser usados para prever a direção futura dos preços.
Conclusão
O Bitcoin Stock-to-Flow é uma ferramenta útil para entender a natureza escassa do Bitcoin e suas possíveis implicações para o seu valor. No entanto, deve ser usado com cautela e não deve ser a única ferramenta para avaliar o valor do Bitcoin.
Além disso, é importante lembrar que nenhum modelo pode prever o futuro com total precisão, e os investidores devem sempre realizar sua própria pesquisa e considerar uma variedade de fatores antes de tomar decisões de investimento.
É crucial reconhecer que o Bitcoin é um ativo volátil, o que torna a educação e a diligência fundamentais para navegar nesse território.
Os investidores devem estar preparados para lidar com flutuações de preço significativas e compreender os riscos envolvidos. Portanto, é fundamental buscar conhecimento e tomar decisões informadas ao investir em Bitcoin.
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