Drex é o mais recente anúncio do Banco Central do Brasil, representando a versão digital do real, anteriormente conhecida como “real digital“. A sigla DREX significa “Digital Real Electronic Transaction“, curiosamente em inglês, apesar de ser destinada ao uso no Brasil.
Interesante, não?!
Ah, e vale lembrar que nos últimos anos, o Banco Central lançou o sistema de pagamentos Pix, que rapidamente se popularizou. Agora, com o DREX, surge uma nova proposta.
Mas, afinal, qual é a diferença entre o Pix e o Drex? Ambos têm um “X” no final… será que o Banco Central se inspirou em Elon Musk e sua preferência pelo “X”?
Neste artigo, vamos explicar o que é o Drex, como ele funciona e, mais importante, os riscos ocultos que essa nova moeda digital pode trazer para a sua vida.
Bora lá!
O que é o Drex?
Drex é a versão digital do real criada pelo Banco Central para facilitar transações financeiras de forma segura e rápida, funcionando como o dinheiro oficial em formato digital. Ou seja, é uma evolução do real para o ambiente digital.
Assim, diferentemente do Pix, que é apenas um meio de pagamento, o Drex representa o dinheiro em si, funcionando como uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC).
Portanto, enquanto o Pix é a infraestrutura usada pelos bancos para realizar pagamentos, o Drex será a moeda digital utilizada nessas transações no futuro, permitindo até transferências via Pix com o Drex.
O grande diferencial é que, ao contrário do Pix, o Drex permite a tokenização de ativos e oferece um nível de controle mais elevado. Ele foi desenvolvido por um grupo de trabalho criado em agosto de 2020, com a participação da Fenasbac e outras instituições financeiras.
Como o Drex está sendo construído?
O Drex, a versão digital do Real, está sendo construído com uma abordagem técnica que envolve o uso de tecnologias blockchain e de registros distribuídos (DLT – Distributed Ledger Technology) para garantir segurança, eficiência e rastreabilidade.
Abaixo estão alguns dos principais aspectos técnicos que moldam a construção da moeda digital DREX:
1. Arquitetura de Registro Distribuído (DLT)
O Drex está sendo construído sobre uma arquitetura de registro distribuído, utilizando uma tecnologia blockchain permissionada, ou seja, um sistema em que apenas entidades autorizadas, como instituições financeiras participantes e o Banco Central do Brasil (Bacen), podem operar nós (nodes) e validar transações. Isso confere segurança ao sistema, ao mesmo tempo que mantém o controle centralizado.
2. Tokens Representando Moeda Fiduciária
A moeda Drex opera com tokens digitais que são representações da moeda fiduciária (Real). Esses tokens serão emitidos pelo Banco Central e distribuídos às instituições financeiras e de pagamento autorizadas.
Essas instituições, por sua vez, disponibilizarão os tokens aos usuários finais (pessoas e empresas), que poderão usá-los para realizar pagamentos, transferências e outros tipos de transações.
O Banco Central é a única entidade autorizada a emitir tokens Drex, e eles são lastreados na reserva fiduciária correspondente, garantindo paridade com o Real físico.
3. Interoperabilidade com o Sistema Financeiro Tradicional
O Drex está sendo projetado para ser interoperável com o sistema bancário tradicional e com o sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, o Pix.
Essa integração visa facilitar a transição entre o uso de moeda física, pagamentos via Pix e o Drex, sem rupturas para o usuário final.
4. Smart Contracts e Programabilidade
A infraestrutura da moeda Drex permitirá a criação e execução de contratos inteligentes (smart contracts). Isso significa que instituições e usuários poderão programar determinadas condições automáticas para a realização de pagamentos, liquidações e outras funções financeiras.
5.Segurança e Criptografia
Todas as transações no Drex serão protegidas por criptografia de ponta a ponta, garantindo que as informações só possam ser acessadas por partes autorizadas e que os dados não sejam expostos durante a transmissão.
6. Modularidade e Flexibilidade
O Drex foi concebido com uma arquitetura modular, que permite a integração de novas funcionalidades e atualizações sem interromper o funcionamento do sistema.
Essa abordagem garante que a moeda possa se adaptar a novas exigências regulatórias.
7. Compliance e KYC (Conheça Seu Cliente)
A moeda digital terá mecanismos nativos de compliance integrados ao sistema, permitindo que o Banco Central e as instituições financeiras realizem controles sobre a legitimidade das transações, como verificações de KYC (Know Your Customer) e prevenção à lavagem de dinheiro (AML – Anti-Money Laundering).
8. Governança e Controle Centralizado
Todo o sistema do Drex será controlado e supervisionado pelo Banco Central do Brasil. Isso implica que todas as regras de funcionamento, emissões, transações e auditorias estarão sob a governança do Bacen, assegurando o alinhamento com as políticas monetárias do país.
Os riscos ocultos do Drex
Em resumo, Drex funcionará como um sistema de registro distribuído, ou DLT (Distributed Ledger Technology), onde os bancos converterão os saldos de depósitos de seus clientes em tokens, permitindo o acesso a novos serviços financeiros digitais e “inteligentes”.
Com essa tecnologia, será possível realizar transações com ativos digitais e usar contratos inteligentes, mas sempre com os bancos centralizando as operações através do Drex.
Isso significa que o Banco Central terá um controle ainda maior sobre o sistema financeiro. E essa não é uma teoria da conspiração — o próprio diretor do BIS, o Banco Central dos Bancos Centrais, afirmou que o objetivo das CBDCs é proporcionar um poder absoluto para os bancos centrais e governos sobre o sistema financeiro.
Portanto, por mais que o Drex seja apresentado com termos atraentes como inclusão financeira, democratização do acesso, inovação e comodidade, o preço por trás de tudo isso é altíssimo. Estamos basicamente entregando, de bandeja, nossos dados e o fruto do nosso trabalho e esforço de uma vida – e até de gerações – nas mãos de políticos e burocratas.
Lembre-se que toda CBDC, incluindo o Drex, carrega um risco oculto: ser uma ferramenta de vigilância em massa. Para líderes autoritários, é o sonho perfeito, um controle total sobre o dinheiro e a vida das pessoas.
Portanto, embora apresentado como uma evolução, para a população, na prática, o Drex ou real digital não traz grandes mudanças em relação ao que já existe. Na verdade, ele acentua os aspectos negativos do sistema financeiro atual: um dinheiro que perde valor com a inflação constante, manipulado por políticos, criado do nada, sem lastro, e que todos são obrigados a usar, sem a possibilidade de auditar as contas do Banco Central ou dos bancos comerciais de maneira independente.
E esse problema não é exclusivo do Brasil. O Drex faz parte de um projeto global que visa aumentar o controle financeiro sobre as populações, beneficiando aqueles que estão no poder.
E não somos nós que estamos dizendo. Neste documento sobre o euro digital, isso é mencionado:
Afinal, qual é o objetivo do Drex?
O verdadeiro objetivo por trás das CBDCs, como o Drex, é fortalecer o controle das políticas monetárias, inclusive por meio da aplicação de taxas de juros negativas. Isso significa que você pagaria para emprestar dinheiro ao governo por meio de títulos públicos, ou seja, uma forma de retirar mais recursos da população.
Além disso, as CBDCs facilitam a prática do “helicopter money“, onde o governo distribui dinheiro indiscriminadamente, mesmo que isso destrua o poder de compra de todos ao gerar inflação descontrolada.
Esse processo aumenta a chamada “seigniorage” para o Estado, que é o lucro que os bancos centrais obtêm ao imprimir dinheiro. Com isso, o governo financia suas próprias políticas e investimentos, roubando valor da moeda que todos são obrigados a usar.
Essa estratégia não é uma teoria vaga – está documentada em estudos como o encomendado pelo Banco Central Europeu, que expõe como as CBDCs podem ser usadas para manipular a economia em benefício dos governos e bancos centrais.
Esse paper revela que as CBDCs, de forma geral, não apenas no caso do Drex no Brasil, terão um impacto negativo sobre os poupadores, tirando poder de compra para financiar políticas populistas. Assim, elas permitirão que os governos reduzam suas dívidas, mesmo com gastos irresponsáveis, já que a impressão de dinheiro desloca as consequências para a população.
Ou seja, quem acaba pagando essa conta somos nós, que somos obrigados a usar a moeda e, com isso, vemos nosso poder de compra ser corroído.
E isso nem é a pior parte.
Com a moeda digital Drex, “imprimir dinheiro” se torna ainda mais fácil. Basta apertar um botão para criar mais tokens, sem qualquer necessidade de esforço ou transparência. No entanto, o verdadeiro perigo reside no poder de vigilância em massa que essa moeda digital poderá proporcionar.
Com o Drex, o governo terá a capacidade de monitorar todos os seus gastos, e cada transação que você fizer estará sob o olhar atento do Banco Central. Além disso, a arrecadação de impostos poderá ser realizada automaticamente, eliminando qualquer possibilidade de controle individual.
Para piorar, há um código que facilita o confisco de dinheiro diretamente das contas dos usuários.
Um desenvolvedor demonstrou isso no GitHub, mostrando como a estrutura do Drex permite que fundos sejam bloqueados ou confiscados de forma muito mais simples e eficiente do que no sistema bancário tradicional.
Quais as diferenças entre o Drex e o Bitcoin?
O Real Digital, ou Drex, é frequentemente promovido como o “Bitcoin do Brasil”, mas na realidade está muito mais próximo de uma shitcoin.
Ao contrário do Bitcoin, que tende a valorizar ao longo do tempo por sua escassez e descentralização, o Drex é completamente centralizado, dá mais poder aos políticos do que ao cidadão, e ainda traz o risco de você sofrer um rug pull semelhante ao confisco que aconteceu na época do Plano Collor nos anos 90.
Mas não é só isso. Bora entender as principais diferenças entre Drex e Bitcoin:
1. Centralização vs. Descentralização
- Drex: É uma moeda digital centralizada emitida e controlada pelo Banco Central do Brasil. Logo, todas as regras de funcionamento, emissão e monitoramento são determinadas por essa entidade, o que significa que o Drex segue as políticas monetárias e fiscais do governo brasileiro. Assim, a moeda será gerenciada por uma rede permissionada, onde apenas instituições autorizadas podem operar nós e validar transações.
- Bitcoin: É uma moeda descentralizada, que não é controlada por nenhuma instituição ou governo. Sua emissão e transações são reguladas por um protocolo de código aberto e validada por uma rede distribuída de nós (computadores) que participam voluntariamente do processo de mineração e validação de blocos. Além disso, o Bitcoin funciona em uma blockchain pública e aberta, sem necessidade de permissão de terceiros para transações.
2. Emissão e Controle
- Drex: A emissão do Drex é feita exclusivamente pelo Banco Central do Brasil. A quantidade de Drex em circulação será determinada pela política monetária do país, e o Bacen terá total controle sobre a quantidade de moeda digital em circulação, podendo aplicar políticas econômicas, como ajustar taxas de juros ou implementar restrições financeiras.
- Bitcoin: A emissão do Bitcoin é predeterminada por seu protocolo e segue uma política monetária fixa e transparente, com um total máximo de 21 milhões de bitcoins a serem minerados ao longo do tempo. Ninguém, nem mesmo governos ou bancos, pode alterar essa política de emissão, o que confere ao Bitcoin características de escassez digital.
3. Política Monetária
- Drex: Está sujeito à política monetária do Brasil, e o Banco Central pode implementar políticas como taxas de juros variáveis, controle da oferta monetária e medidas de intervenção econômica. Isso significa que o Drex pode ser afetado por decisões governamentais e eventos econômicos, como crises ou inflação.
- Bitcoin: Não está atrelado a nenhuma política monetária nacional. Sua oferta é fixa e deflacionária, já que o número máximo de bitcoins é limitado. Como resultado, o Bitcoin é muitas vezes visto como uma reserva de valor ou “ouro digital”, protegendo os usuários de políticas inflacionárias de governos.
4. Transparência e Auditoria
- Drex: Embora o Drex use uma tecnologia blockchain permissionada, o controle sobre as transações e o acesso à rede é restrito a instituições autorizadas. Isso significa que o público geral não tem acesso direto à auditoria das transações, e a transparência do sistema depende das regras e políticas estabelecidas pelo Banco Central.
- Bitcoin: A blockchain do Bitcoin é pública e transparente. Portanto, qualquer pessoa pode auditar as transações diretamente no blockchain, e todas as transferências de Bitcoin são visíveis para qualquer participante da rede.
5. Privacidade
- Drex: O Drex oferece pouca ou nenhuma privacidade financeira, pois as transações podem ser monitoradas e rastreadas pelo Banco Central e outras instituições autorizadas. Isso permite que o governo tenha controle e visibilidade total sobre os fluxos financeiros, o que pode ser usado para monitoramento de atividades ilegais, mas também levanta preocupações sobre vigilância em massa e privacidade financeira.
- Bitcoin: Embora o Bitcoin ofereça uma camada de privacidade, ele não é completamente anônimo, pois as transações na blockchain são públicas. No entanto, existem ferramentas como mixers e tecnologias como pagamentos silenciosos e redes de segunda camada (como o Lightning Network), que podem melhorar a privacidade das transações.
6. Tecnologia e Rede
- Drex: O Drex está sendo construído em uma blockchain permissionada, ou seja, apenas participantes autorizados, como bancos e instituições financeiras, podem operar nós e validar transações. Isso garante maior controle sobre o sistema, mas limita a abertura e a acessibilidade.
- Bitcoin: O Bitcoin opera em uma blockchain pública e permissionless, o que significa que qualquer pessoa no mundo com acesso à internet pode participar da rede, seja como minerador, operador de nó ou simplesmente como usuário. Não há necessidade de autorização para validar transações ou participar do ecossistema.
7. Usabilidade e Escopo
- Drex: É projetado para uso exclusivo dentro do Brasil e segue as normas e regulamentações econômicas do país. Seu uso principal será facilitar transações digitais dentro do sistema financeiro brasileiro, promovendo maior eficiência em pagamentos e transferências bancárias.
- Bitcoin: É uma moeda global e sem fronteiras. Assim, pode ser usado por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, para transações financeiras, sem depender de bancos ou governos. Além disso, o Bitcoin também é amplamente utilizado como uma reserva de valor, além de um meio de transferência internacional de fundos.
Considerações finais
Se analisarmos o histórico, o real, em seus 28 anos de existência, já perdeu 86% do seu poder de compra e o Drex não tem a menor intenção de mudar esse cenário, porque o Banco Central continuará criando dinheiro do nada, da mesma forma que sempre fez.
Aliás, o simples fato de estar lançando uma nova moeda digital reforça essa prática inflacionária.
Dinheiro digital de verdade é o Bitcoin. Ele oferece soberania ao indivíduo, é resistente à censura e não pode ser manipulado por governos ou bancos centrais.
O Real Digital, por outro lado, é uma armadilha que vai te manter preso na matrix fiat e só o Bitcoin te oferece a saída desse sistema.
Até a próxima e opt out!
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