Carol Souza, cofundadora da Area Bitcoin, possui uma trajetória impressionante que começou de maneira bem diferente do caminho que segue hoje.
Natural do Rio Grande do Sul, Carol é formada em odontologia, uma profissão tradicional escolhida por influência de sua criação familiar e pela busca de estabilidade.
Assim, ela chegou a trabalhar em um cargo público e até abriu seu próprio consultório odontológico. No entanto, a história de Carol mudou radicalmente quando ela descobriu o Bitcoin.
Hoje você conhecerá a história de Carol Souza, cofundadora da Area Bitcoin, e como ela se tornou uma das principais educadoras sobre Bitcoin.
Bora lá!
História de Carol Souza
Como já dissemos na introdução deste artigo, Carol Bitcoin ou Carol Souza, hoje conhecida por seu trabalho educacional sobre Bitcoin, começou sua carreira de uma forma bem diferente: como dentista.
Portanto, sua jornada até o mundo do Bitcoin foi marcada por escolhas importantes e desafios pessoais que a moldaram ao longo do caminho.
Aos 17 anos, Carol enfrentou o dilema de escolher sua profissão. Vinda de uma família conservadora, pai militar, mindset voltado à estabilidade, ela sentia a inclinação para seguir um caminho seguro. Mas, ao mesmo tempo, tinha um lado aventureiro e curioso, o que inclusive a levou a ser baterista.
Esse espírito livre também fascinava Carol pela tecnologia, especialmente pelo Napster e pelos torrents, onde passava horas baixando músicas e se conectando com pessoas do mundo todo. Logo, esse interesse pela tecnologia seria o primeiro passo para seu futuro envolvimento com o Bitcoin.
Na hora de escolher uma carreira, Carol ficou dividida entre odontologia e publicidade. Ela chegou a pensar até em combinar música e publicidade, criando jingles.
No entanto, uma conversa com seu pai foi decisiva. Ele sugeriu que a odontologia seria uma escolha melhor, pois ofereceria a ela a chance de ser sua própria chefe, além de mais liberdade e estabilidade financeira. Publicidade, segundo ele, seria um caminho em que, a não ser que montasse a sua própria agência, Carol seria funcionária de terceiros, sem liberdade pra fazer os próprios horários e com mais limitação de crescimento.
Assim, seguindo esse conselho de ser a sua própria chefe, ela acabou optando pela odontologia.
Carol ingressou na PUC e logo se apaixonou pela profissão. Após um ano e meio, conseguiu passar na UFRGS, a universidade federal do Rio Grande do Sul, onde completou sua graduação. Mas, ao terminar o curso, começou a pensar e refletir no que faria a seguir.
Diante da decisão de abrir seu próprio consultório ou trabalhar para outras pessoas, Carol buscou segurança prestando concursos públicos, ao mesmo tempo em que considerava fazer uma especialização, visto que ela gostava da ideia de trabalhar em postos de saúde e ajudar a comunidade.
Logo após se formar, foi aprovada em um concurso em uma cidade próxima e também abriu seu consultório particular. Assim, dividia seu tempo entre a vida de funcionária pública e empreendedora.
Do interesse por investimentos ao mergulho no Bitcoin
Carol entrou de cabeça no mundo dos investimentos em 2013. Na época, ela se dedicava a entender a bolsa de valores, tesouro direto e outros ativos financeiros tradicionais.
Em 2017, porém, com a alta no preço do Bitcoin, ela decidiu comprar seus primeiros satoshis. Naquele momento via Bitcoin como um ativo e uma oportunidade para diversificar seus investimentos já compostos por ações e renda fixa. Seu primeiro passo foi investir R$ 1.000, uma quantia que considerava segura para assumir o risco da volatilidade.
Desde a primeira compra Carol enxergou o Bitcoin como um ativo de longo prazo, principalmente por sua volatilidade. Assim, apesar de ter comprado próximo ao pico da valorização de 2017, ela não se deixou abalar pela queda em 2018.
Durante esse período, manteve seus Bitcoin em sua carteira, enquanto continuava sua vida como dentista e servidora pública.
Contudo, no final de 2018, a percepção de Carol em relação ao Bitcoin começou a mudar. Ela começou a considerar aceitar pagamentos em Bitcoin em seu consultório odontológico, o que representou uma grande virada.
Assim, para ela, o Bitcoin deixou de ser apenas um simples ativo financeiro para se tornar uma moeda real, como uma ótima alternativa para evitar as altas taxas cobradas pelas máquinas de cartão, que podiam chegar a 20%.
Além disso, o Bitcoin oferecia uma independência financeira única, onde ela poderia ser seu próprio banco, sem depender de intermediários.
E foi a partir disso que Carol se aprofundou no estudo do Bitcoin.
Portanto, o que começou como uma diversificação de investimentos se transformou em algo muito maior. Ela passou a entender o Bitcoin como uma tecnologia revolucionária, capaz de mudar o sistema financeiro, uma ferramenta para transformar a maneira como lidamos com dinheiro e com sistemas centralizados.
O início da Area Bitcoin
Em 2020, Carol Souza tomou a corajosa decisão de deixar para trás sua carreira estável como dentista e funcionária pública para se dedicar integralmente ao projeto Area Bitcoin.
Para muitos, essa decisão poderia parecer arriscada, mas pra ela representava um chamado, motivado pela transformação que o Bitcoin causou em sua visão de mundo.
Até então, Carol acreditava firmemente na segurança que um emprego público e uma carreira sólida ofereciam. No entanto, ao se aprofundar no Bitcoin, ela começou a questionar essa noção.
“Eu percebi que a estabilidade era uma ilusão”, conta. “Se a Carol de 2013 ouvisse isso, acharia uma loucura, mas o Bitcoin mudou completamente minha forma de pensar.”
Ao ser questionada sobre o que queria dizer com a “estabilidade ser uma ilusão“, Carol explicou que a rotina tradicional de trabalhar cinco dias por semana em busca de segurança parecia, na verdade, muito frágil. Ela percebeu que fatores externos, como mudanças políticas ou econômicas, poderiam facilmente abalar essa suposta estabilidade.
“O Bitcoin me mostrou que o sistema financeiro é muito mais volátil do que imaginamos. Essa ideia de segurança pode desaparecer de uma hora para outra com uma simples decisão do governo”, reflete Carol Souza.
Mesmo enquanto ainda trabalhava como dentista e servidora pública, Carol dedicava boa parte do seu tempo livre para estudar sobre o Bitcoin, ouvir podcasts, ler livros e se aprofundar no assunto.
“Eu estava totalmente focada, e foi nesse processo que percebi que havia algo muito maior em jogo”, lembra Carol Souza.
A transição para o mundo online não foi fácil para Carol, que sempre foi mais discreta e distante das redes sociais. “Eu odiava aparecer em vídeos“, admite, rindo.
No entanto, com o apoio da sua sócia Kaká Furlan, Carol Souza foi aos poucos superando esse receio e começou a se soltar e expressar mais livremente. Assim, os vídeos para o canal de Youtube da Area foram melhorando, e a Area Bitcoin começou a ganhar tração.
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O ponto de virada (Day 1)
O ponto decisivo ou day 1 ocorreu quando Carol Souza começou a se sentir extremamente exausta, pois trabalhava no consultório durante o dia e ainda gravava videos para o canal da Area à noite.
“Eu estava sem energia, completamente esgotada. Foi então que pensei: ‘E se eu largasse tudo e me dedicasse 100% ao Bitcoin?'”, conta.
A constatação de que havia muitos dentistas, mas poucas pessoas dedicadas a educar sobre Bitcoin, fez com que Carol considerasse abandonar sua carreira na odontologia.
Entretanto, deixar para trás anos de estudo e um consultório próprio não foi uma decisão fácil.
“No começo, foi assustador. Parecia loucura deixar tudo o que eu construí. Mas pensei: o diploma está aqui, sempre posso voltar. Já esse momento de contribuir com o Bitcoin pode não se repetir”, diz Carol Souza.
A pandemia de 2020, com os lockdowns e o tempo extra em casa, acelerou essa mudança. Tudo isso foi o empurrão que Carol precisava para se dedicar de vez ao Bitcoin.
“Foi um salto no escuro, mas olhando para trás, foi a decisão mais corajosa que já tomei – e não me arrependo”, conclui.
Hoje, o resultado é visível: a Area Bitcoin é uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo, com mais de 500 mil seguidores nas redes sociais, 4.000 alunos e um impacto global em milhões de pessoas com seus conteúdos educativos sobre Bitcoin.
A transformação para mentalidade Bitcoiner
Na sua trajetória com o Bitcoin, Carol Souza vivenciou uma transformação significativa em sua mentalidade e na forma como percebe o mundo. Quando questionada sobre como o Bitcoin a impactou, ela não hesita em dizer que a maior mudança foi na autoconfiança que o Bitcoin lhe trouxe.
“Antes do Bitcoin, eu confiava plenamente em terceiros — nas instituições, no governo, nas decisões que eu tomava, achando que elas seriam preservadas no futuro”, relembra.
Porém, à medida que ampliou seu conhecimento sobre o Bitcoin, a história do dinheiro e os efeitos da inflação, ela compreendeu a importância de assumir o controle de seu destino, reduzindo sua dependência de outras pessoas e instituições.
Carol Souza relembra como, antes de conhecer o Bitcoin, aceitava passivamente muitas informações. “Uma notícia era transmitida na TV e eu simplesmente acreditava. Agora questiono tudo”, ela afirma.
Esse ceticismo saudável a motivou a buscar informações por conta própria, em vez de apenas aceitar as declarações de autoridades ou governos. O Bitcoin foi o catalisador para o desenvolvimento dessa perspectiva crítica e para a compreensão de que a verdadeira liberdade financeira só é alcançada quando uma pessoa confia mais em si mesma.
Essa mudança de pensamento está diretamente ligada à ideia de independência.
“Antes, eu estava construindo uma carteira de ações e renda fixa, confiando nos números e valuations das empresas. Mas aí você vê casos como o da Americanas, onde os números foram falsificados e os investidores enganados”, explica Carol Souza.
Além disso, ela também diz: “O Bitcoin me ajudou a enxergar que nem sempre o que nos dizem é real. Hoje, eu tenho mais confiança para investigar e validar as informações por mim mesma.”
Além do senso crítico, sua autoconfiança também foi fortalecida. O Bitcoin, para ela, não é apenas uma forma de dinheiro digital, mas também um meio para entender como o mundo realmente funciona.
“Eu comecei a perceber que a estabilidade que a gente tanto busca, seja em empregos, investimentos ou instituições, é ilusória”, afirma.
Assim, é justamente a previsibilidade e o controle que o Bitcoin oferece sobre o próprio dinheiro que alimentam sua coragem de seguir esse caminho alternativo.
Entretanto, lidar com toda essa mudança de perspectiva não foi algo fácil. Carol nos conta que foi uma grande transformação e, assim, o sistema financeiro, o papel do governo e até a mídia passaram a ser vistos com um certo grau de desconfiança.
“Bitcoin te leva a repensar tudo, porque você percebe que o governo e os bancos controlam o dinheiro, manipulam indicadores de inflação de preços e, muitas vezes, estão em conluio para manter o sistema como está”, diz Carol.
Essa nova percepção trouxe não apenas uma visão mais crítica, mas também uma maior tranquilidade para Carol Souza. Ela sente que está no controle de sua própria vida, sem depender de sistemas externos que podem ser manipulados ou corrompidos.
“O Bitcoin me fortaleceu, me deu clareza mental de que preciso continuar me desenvolvendo”, conclui.
Hoje, Carol Souza segue firme no caminho que escolheu e que faz sentido para ela, confiante de que está tomando decisões que garantem sua liberdade e futuro financeiro.
Palestrante nas principais conferências de Bitcoin
Carol Souza é uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil. Assim, ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin em El Salvador, Satsconf no Brasil, Bitcoin Atlantis em Portugal, Surfin’ Bitcoin na França e muito mais.
Visão global sobre Bitcoin
Carol, que já palestrou em conferências de renome mundial como Adopting Bitcoin, Bitcoin Atlantis e Surfing Bitcoin, compartilha suas percepções sobre o desenvolvimento do ecossistema Bitcoin no Brasil, em comparação com outros países.
Desenvolvimento do Bitcoin no Brasil
Quando questionada sobre as diferenças no envolvimento do ecossistema de Bitcoin no Brasil em 2021 e agora, Carol relembra um cenário bem diferente.
“Lá em 2021, eu achava que não estávamos na mesma página”, afirma. Naquele período, o Brasil ainda estava muito voltado para o universo das criptomoedas em geral, com pouca distinção clara entre Bitcoin e “cripto”.
Segundo Carol, ambientes focados exclusivamente em Bitcoin eram raros no país, o que contrastava com conferências internacionais como a Adopting Bitcoin, onde a separação entre Bitcoin e criptomoedas era nítida.
Entretanto, foi a partir dessa experiência internacional que Carol começou a trazer essa visão mais focada para o Brasil, buscando educar o público sobre a diferença entre Bitcoin e o restante do universo cripto.
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Agora, em 2024, Carol vê um ecossistema de Bitcoin muito mais forte no Brasil, alinhado com os movimentos internacionais.
“Hoje, o Brasil tem uma cena muito forte de Bitcoiners, e em muitos aspectos, estamos na mesma página que o pessoal de fora”, observa ela.
Eventos como a SatsConf e projetos como a Area Bitcoin são provas de que o cenário nacional evoluiu rapidamente. Além disso, ela destaca que muitos brasileiros estão envolvidos com empresas internacionais focadas exclusivamente em Bitcoin e participam ativamente de conferências e meetups globais.
“Em 2021, era estranho até mencionar que Bitcoin e cripto não eram a mesma coisa, e as pessoas misturavam propositalmente para vender suas narrativas”, comenta Carol Souza.
Além disso, ela menciona um desenvolvimento interessante no Brasil: a criação de economias circulares em regiões como Rolante e Jericoacoara, onde o Bitcoin está começando a ser adotado de forma prática no dia a dia.
“Isso era algo que não se via há alguns anos”, observa Carol Souza, indicando o impacto real que o Bitcoin está tendo em certas comunidades brasileiras.
Para ela, essa mudança de mentalidade tem um grande impacto no ecossistema brasileiro. “Hoje, o Brasil lidera em busca por Bitcoin no Google, comparável aos EUA, e o interesse por Bitcoin cresceu bastante”, destaca.
No entanto, ela também reconhece que, em um país tão grande, ainda há muitas pessoas que confundem as narrativas de cripto e Bitcoin, o que pode gerar certa confusão.
Otimismo em relação ao Bitcoin no Brasil
Carol vê o futuro com otimismo e acredita que o Brasil continuará se alinhando ao cenário internacional.
“As conferências de Bitcoin brasileiras estão muito mais focadas no desenvolvimento de Bitcoin agora, enquanto antes, em 2021, metade das palestras era sobre trade”, observa.
Ela prevê que nos próximos anos haverá ainda mais crescimento, com um número maior de brasileiros entendendo profundamente o Bitcoin e se envolvendo ainda mais em seu desenvolvimento.
Para Carol Souza, essa transformação não é apenas uma tendência passageira, ela acredita que o Brasil continuará avançando no ecossistema de Bitcoin e que o interesse crescente pelo tema será crucial para que as pessoas fiquem cada vez mais conscientes sobre o que é realmente o Bitcoin.
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A maior escola de educação sobre Bitcoin do mundo, que tem como objetivo elevar o conhecimento da comunidade e dos bitcoiners de todo o mundo aos níveis mais altos de soberania financeira, intelectual e tecnológica.
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