A auto custódia é atualmente o principal pilar de soberania de qualquer indivíduo. Não é à toa que a frase “not your keys, not your coins” (sem suas chaves, sem suas moedas) é tão famosa e repetida por bitcoiners de todo o mundo.
Seja por falência de exchanges, por má administração, ataques hacker ou até por censura governamental, a auto custódia é o gerenciamento de risco que pode te salvar de perder o acesso aos seus satoshis mesmo que um apocalipse zumbi aconteça com bancos e exchanges.
Há quem diga que a auto custódia será proibida em questão de poucos anos. Não duvidamos nem um pouco disso e inclusive já estamos vendo alguns indícios de cerco governamental quando se trata de guardar as próprias moedas.
Recentemente surgiram informações de que a SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, pretende dificultar que exchanges, fundos de hedge, fundos de pensão e empresas de private equity ofereçam serviços de custódia de bitcoin.
O interesse é claro: privilegiar os bancos para que somente eles possam oferecer esse tipo de serviço para empresas e pessoas físicas. Tudo “reguladinho”, centralizado e “dentro da lei”.
E ainda que a SEC não tenha tomado nenhuma atitude oficial sobre esse assunto, é importante ficar atento a esse tipo de ataque, afinal, essa não é a primeira vez que a custódia entra na mira de burocratas que querem mais controle.
Europa atacando a custódia de bitcoin
A Europa vem fazendo tentativas de tratar o bitcoin como algo ilegal e ainda proibir que pessoas guardem seus próprios satoshis em suas carteiras. O motivo: não querem ninguém dentro da EU usando bitcoin sem “permissão”.
É uma forma de reprimir o uso do bitcoin de forma P2P e concentrar o uso em bancos ou instituições financeiras.
Só que eles esquecem que bitcoin não é só dinheiro: é uma rede e um sistema de registros descentralizado. As transações não enviam moedas, elas enviam mensagens, como emails. São ferramentas de comunicação e de expressão.
O que acontece se proibirem criptografia?
As carteiras de bitcoin são usadas para assinar transações, mas também podem ser usadas para assinar mensagens criptografadas usando a mesma rede bitcoin. A questão aqui é que não tem como proibir bitcoin e a auto custódia sem proibir outras tecnologias que usam criptografia e proof of work. Isso afetaria o uso de aplicativos e como toda a internet funciona.
A maioria dos aplicativos e serviços de internet que a gente usa atualmente, como por exemplo o Whatsapp, o Signal ou até mesmo os navegadores, usam a mesma tecnologia que o bitcoin: criptografia de chave pública e chave privada.
Proibir a tecnologia criptográfica causaria um rebuliço digital porque afetaria não só o bitcoin mas muitos sistemas de comunicação usados globalmente. Imagina como seria proibir o envio de emails hoje em dia? Um grande retrocesso.
Governos nunca conseguiram parar inovações P2P. Eles não conseguiram parar o compartilhamento de música via torrent, como o Napster e não vão conseguir parar o bitcoin.
E se conseguirem proibir as carteiras de bitcoin?
Se houver uma pressão ou até mesmo uma proibição das carteiras de bitcoin, os engenheiros de software podem simplesmente mudar a linguagem, tirar o financeirês e transformar wallets em apps de mensagens.
As carteiras podem mudar a sua linguagem e como a informação é entregue ao usuário para que eles não tenham problemas com a regulamentação. Apps de mensagem usando a rede Bitcoin não seria proibido. Claro que confundiria usuários em um primeiro momento, toda a terminologia seria diferente, mas a utilidade seguiria a mesma, só a linguagem seria modificada.
Outra questão é que as carteiras não armazenam de fato moedas digitais. Elas armazenam UTXOs, dados que informam mensagens da rede. As carteiras não recebem e não enviam nada como fazem parecer. São uma janela que mostra o que acontece em blockchain, na rede de registros. O design só foi feito como um home banking porque é como as pessoas estão mais acostumadas a olhar para o seu saldo.
As carteiras são basicamente dispositivos para assinar que uma mensagem está correta, que um dado está correto. Carteiras não armazenam bitcoin, elas armazenam chaves privadas: uma mensagem secreta.
Por isso que Bitcoin é informação, é texto, é expressão através de dados. Não tem tem como regular texto. Seria como regular o português ou como as pessoas usam ele e se expressam. Bitcoin é uma base de dados, você pode usá- lo para representar o que você quiser, assim como qualquer linguagem.
A custódia do ouro também já foi atacada
Em 1933 nos Estados Unidos a ordem executiva 6102 proibiu cidadãos de armazenarem ouro em casa e forçaram a população a entregar seu ouro aos bancos. Ouro é um metal precioso que não infringe nenhuma lei, ele apenas surgiu através de uma reação química da natureza.
A proibição e o confisco do ouro fez os americanos abrirem mão de uma reserva de valor mais sólida que o dólar e ficarem expostos à diluição e aos abusos monetários realizados através da impressão de dinheiro.
Na época as pessoas naturalmente procuravam se livrar do dinheiro de papel emitido pelo FED e buscavam e colocar suas economias em algo que protegesse valor: o ouro. O FED fechou as portas para que as pessoas não pudessem se proteger do dinheiro inflacionário por causa dos efeitos da grande depressão de 1929. Ou seja, o FED trancou as pessoas dentro do dólar em 1933 e em 1971 removeu o lastro no ouro.
Foi assim que o governo americano migrou do padrão ouro para o padrão dólar: na base do confisco e da canetada.
Trinta anos mais tarde a lei foi revertida e os americanos puderam retornar a armazenar ouro, mas aí o lastro do dólar no ouro já havia sido quebrado e não havia mais conversibilidade do dólar no metal precioso.
Governos podem fazer a mesma coisa com Bitcoin? Podem.
A grande diferença é que Bitcoin não é físico e não pode ser confiscado como o ouro foi. Qualquer pessoa pode armazenar bitcoin movimentá-lo facilmente sem depender de ourives ou verificação de terceiros. Por mais que seja proibido, não há como impedir que as pessoas negociem entre si.
No passado quem manteve o ouro conseguiu manter poder de compra mesmo frente a inflação fulminante que assolou estados unidos nos anos 80. O mesmo processo pode acontecer com Bitcoin e saber armazenar de maneira segura poderá salvar o poder de compra de muitas famílias.
Como se proteger?
No final das contas o maior risco é sempre deixar o seu dinheiro na mão de terceiros. Bitcoin resolve isso ao permitir que qualquer pessoa guarde valor digital sem depender de bancos e nem governos.
Existem muitas formas de você guardar seus satoshis com você hoje em dia. Se você tem habilidades com tecnologia você pode construir a sua própria carteira em casa ou optar por comprar uma carteira pronta em lojas e revendas oficiais.
Uma das carteiras frias mais conhecidas para guardar bitcoin é a Ledger. Ela gera 12 ou 24 palavras de recuperação na configuração do dispositivo e o seu cofre digital estará pronto para guardar bitcoin.
Sem a sua seed, ou palavra de recuperação, ninguém e nenhum governo do mundo conseguem acessar o seu saldo. Só você detém a posse do seu dinheiro e tem autonomia para enviar para quem você quiser.
Quer entender as diferenças entre carteiras, como guardar bitcoin com segurança e ainda receber uma Ledger Nano S de presente? É só se increver no Carteira Bitcoin, uma imersão em auto custódia para você se tornar totalmente soberano e não deixar Bitcoin em banco e nem exchange.
Em um mundo com cada vez com menos privacidade e liberdade, é a soberania trazida pelo bitcoin que irá proporcionar mais autonomia e auto responsabilidade para a humanidade.
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Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.
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