Será que o Bitcoin foi criado por aliens?! O Bitcoin é tão revolucionário e único que muitas pessoas cogitam se ele não seria uma tecnologia alienígena trazida à Terra para nos ajudar. Ou talvez uma tecnologia trazida por um viajante do tempo, alguém que veio do futuro e deixou o Bitcoin para os seres humanos, buscando alterar desfechos terríveis no futuro.

Afinal, como todas as invenções que revolucionaram o mundo, o Bitcoin faz algo que nada antes fazia: descentralizar completamente o sistema financeiro.

Entretanto, ao mesmo tempo, ele é diferente de qualquer outra invenção. A maioria das invenções, após serem criadas, parece óbvia, mas o Bitcoin não é nada óbvio, e novos entendimentos sobre ele continuam sendo descobertos, dia após dia.

Ele mistura tantas tecnologias e conceitos que, em algum momento, acabamos nos perguntando: “Como alguém conseguiu juntar tudo isso?” e “Foi mesmo uma pessoa que inventou ou um ser de outro mundo?”.

É por causa desses questionamentos que a internet está cheia de teorias de que o Bitcoin foi trazido por alienígenas ou viajantes do tempo. Neste artigo, vamos trocar uma ideia sobre tudo isso.

Bitcoin é uma tecnologia de outro mundo?

O Bitcoin parece uma rede que veio de outro mundo porque se autorreplica infinitamente. Nenhuma outra rede no planeta Terra faz isso. A internet, por exemplo, não se comporta dessa maneira.

Portanto, embora o Bitcoin seja revolucionário, assim como a internet foi, ele não é como a Internet ou outras redes. Ou seja, você não possui uma cópia de toda a internet no seu computador. Na verdade, a internet é uma tecnologia utilizada para acessar informações que não estão em sua posse, mas sim no computador de outra pessoa.

Os data centers de grandes empresas, como Google, Microsoft e Hetzner, são exemplos notáveis de locais responsáveis pelo armazenamento na “nuvem“.

Há até aquela frase: “a nuvem é sempre o computador de alguém“.

Este artigo, por exemplo, está armazenado em um data center de uma empresa. Logo, se eu excluir esta postagem, ele desaparecerá, a menos que alguém tenha feito uma cópia.

O Bitcoin altera essa estrutura centralizada de armazenamento de dados porque se autorreplica completamente. Todos os registros têm cópias em mais de 50 mil computadores ao redor do planeta e um na órbita da Terra.

Assim, quando um bitcoiner começa a operar um node e instala o Bitcoin Core ou outro software, ele cria uma réplica perfeita de toda a blockchain, desde o bloco gênesis, e continua adicionando dados constantemente conforme novos blocos são minerados.

Isso é muito diferente porque nenhuma outra invenção humana é autorreplicante dessa forma.

No mundo físico, qualquer cópia sempre terá alguma imperfeição ou detalhe que a torna diferente do original. Mesmo as cópias digitais, como músicas ou softwares, são estáticas. Portanto, se você adicionar uma nota à sua cópia de uma música, essa alteração não será refletida em todas as cópias da música em outros lugares do mundo.

Já as cópias da blockchain do Bitcoin funcionam em sincronia coordenada, algo que nada mais na Terra faz – não da mesma forma que o Bitcoin.

Você pode até pensar: “Bitcoin se autorreplica como uma célula!” Mas não é exatamente isso. Cada célula sempre terá uma célula mãe ou uma célula clone e pode evoluir de forma diferente da célula original.

Bitcoin não tem uma célula mãe. Ele copia os dados de muitas “células”, de muitos nodes, com registros de todas as transações já realizadas e garante que a sua cópia vai ser igual a todas as outras.

Ou seja, Bitcoin não se auto replica a partir de uma única origem, mas a partir de várias. 

Células não fazem cópias perfeitas uma das outras, inclusive muitas delas possuem mutações que podem trazer evolução ou extinção pra espécies inteiras. Não existe uma forma “padrão” de replicar uma célula, já no bitcoin existe um padrão, um consenso em como um node deve fazer cada cópia e eles ficam verificando constantemente se cada cópia está em alinhamento com as demais. É o oposto de um organismo vivo que assume suas próprias características.

É por isso que Bitcoin não parece com nenhuma invenção já criada e também não se parece com organismos vivos. Mais um ponto pra teoria de que bitcoin é uma tecnologia alienígena.

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Não tem líder

Bitcoin não tem um líder determinando qual o próximo bloco, a própria rede se auto regula.

Dito isso, qualquer pessoa pode encontrar um bloco válido e propor o próximo bloco. Assim, se os participantes da rede acharem que o bloco é válido, eles irão atualizar seus registros e inserir o novo bloco minerado.

Aquela frase clássica de filme de invasão alien do anos 50 “leve me ao seu líder” não funcionaria no bitcoin, porque bitcoin não tem um líder decidindo nada.

Além disso, Bitcoin funciona sem ninguém ter poder de decisão privilegiado em relação aos demais. Assim, todos seguem as mesmas regras e isso tudo acontece porque para poder adicionar um bloco na rede e fazer todo mundo atualizar seus registros é necessário uma prova matemática, de que você prestou um serviço à rede e que você trabalhou pra ela seguindo as mesmas regras que todo mundo segue.

Dessa forma, a rede consegue evoluir e crescer sem que nenhum participante tenha qualquer autoridade ou que haja uma hierarquia na rede.

O trabalho é a única coisa que a rede valoriza, respeita e obedece, porque apenas o trabalho pode ser comprovado e não tem como ser falsificado ou roubado via violência. Ninguém consegue roubar o trabalho que você já fez e provou ter feito na rede bitcoin.

Portanto, Bitcoin pode funcionar para sempre porque foi projetado para operar num ritmo constante, seja com muito trabalho ou com pouco, pois ele se ajusta à quantidade de participantes.

Alterações de algoritimo

Bitcoin não permite alterações no algoritmo. Portanto, se você tentar modificar o algoritmo do Bitcoin em seu nó, tornando-o completamente diferente do algoritmo usado pelo restante da rede, o resultado será que você deixará de participar da rede. Seu nó vai parar porque você deixou de estar em sincronia com as regras que os outros nós seguem.

Assim, o Bitcoin só pode ser modificado se a rede como um todo decidir modificá-lo.

Decisões unilaterais de uma única pessoa ou de um grupo de nós não têm efeito. A rede só muda se todos os participantes concordarem em mudar, algo como aqueles bandos de pássaros que fazem movimentos em sincronia sem ter alguém liderando o próximo movimento.

Pássaros voando no céu

Além disso, o Bitcoin muda apenas por meio de soft forks, que introduzem regras adicionais sem excluir as antigas. Ou seja, eles permitem que novas funcionalidades sejam implementadas, mas não desativam as regras existentes.

Quando outras blockchains mudam via hard forks, elas alteram completamente as regras e acabam criando um novo protocolo. Isso desativa totalmente as regras antigas e exclui usuários que não concordam com a mudança.

O Bitcoin, realizando apenas soft forks, torna o protocolo retrocompatível; assim, mesmo quem opera versões antigas continua participando da rede sem ser excluído.

A forma como Bitcoin evolui é também totalmente diferente de empresas, governos ou qualquer sistema que a gente está acostumado.

Governos, por exemplo, ao aprovarem novas regras, geralmente limitam nossas ações, fazendo com que, no fim das contas, possamos fazer menos do que antes. Por outro lado, quando o Bitcoin implementa soft forks, surgem opções para realizar mais atividades no protocolo. Isso é tão contra-intuitivo e tão diferente de tudo que já vimos antes que parece algo de outro mundo.

Capacidade de crescimento e escassez

Outro fator que faz o Bitcoin parecer uma tecnologia alienígena é sua capacidade de crescer a ponto de poder utilizar toda a energia do sol.

O Bitcoin possui uma variável chamada “cumulative proof of work” — prova de trabalho acumulada, que soma todo o trabalho realizado para criar a blockchain desde o bloco de gênese do Bitcoin até o presente. Isso significa que para realizar um ataque de 51% e desfazer todos os registros já feitos na rede, seria necessário mais do que a energia total do sol.

Isso é praticamente impossível.

Que engenheiro humano conseguiria construir uma rede tão robusta? A maioria dos engenheiros projeta pensando em algumas décadas à frente. O Bitcoin, no entanto, foi criado pensando em centenas, talvez milhões de anos à frente, levando em consideração um avanço na escala Kardashev de energia, que é quando você consegue usar totalmente a energia da estrela mais próxima, no nosso caso, o sol.

O Bitcoin foi projetado para ser auto-replicante, autoajustável, autogovernado e duradouro. Nenhuma outra invenção humana foi projetada para fazer sequer uma dessas coisas. Então surge o Bitcoin, realizando tudo isso de uma vez só.

Além disso, misteriosamente, ele apareceu do nada durante a explosão da crise financeira de 2008, em um momento da história em que mais precisávamos de um sistema diferente do sistema fiat, e se espalhou por todo o mundo em um curto período de tempo.

Ah e isso sem mencionar sua escassez matemática e previsível, nos ciclos de quatro anos delimitados pelos halvings. Nenhuma outra invenção humana restringe cada vez mais o suprimento de algo que as pessoas consideram valioso.

Afinal, Bitcoin foi criado por humanos ou aliens?

É por tudo isso que o Bitcoin não parece ter sido criado por um humano. Humanos projetam coisas para que elas escalem e criem mais unidades o mais rápido possível. Mas não o Bitcoin. Ele foi projetado para se tornar cada vez mais escasso com o tempo.

Além disso, a dinâmica de preços do Bitcoin não ocorre em uma escala linear, à qual nós, seres humanos, estamos acostumados.

O Bitcoin opera em uma escala exponencial, em uma escala logarítmica. Essa é uma escala comum na natureza, mas que ainda não compreendemos totalmente.

Portanto, o Bitcoin surge de necessidades universais que qualquer ser, incluindo extraterrestres, caso existam, precisaria em seus planetas de origem.

Como o Bitcoin surgiu?

O Bitcoin surgiu na Terra a partir de outras tecnologias para resolver problemas de coordenação.

Os próprios problemas de coordenação tendem a ser universais, e mecanismos de comunicação e registro são aspectos comuns na evolução das espécies.

Se as sociedades são civilizações compostas por indivíduos que agem por interesse próprio com informações imperfeitas, incompletas e recursos finitos de matéria e energia, a tendência é que eles precisem se comunicar melhor para colaborar e aumentar suas chances de sobrevivência em um planeta hostil, especialmente quando se trata de uma espécie em evolução.

Ou seja, no universo, todos seguem as mesma leis, as mesmas regras da natureza e da física, tanto newtoniana quanto quântica. 

Isso quer dizer que, se o Bitcoin foi criado por aliens e extraterrestres e deixado aqui para gente, é provável que eles tenham enfrentado os mesmos problemas que nós e tenham encontrado uma solução muito mais eficiente, decidindo compartilhá-la.

Assim como nós, eles também precisaram desenvolver mecanismos para guardar recursos escassos, transacionar valor entre indivíduos com interesses concorrentes e conflitantes.

A linguagem desempenha o papel de aumentar as chances de sobrevivência por meio da colaboração, pois possibilita a cooperação entre pessoas com interesses comuns e até entre inimigos. Espécies que sobrevivem, evoluem e se comunicam têm maior probabilidade de desenvolver o conceito de dinheiro.

Com base nisso, a invenção do dinheiro permitiu resolver problemas de cooperação que outros animais não conseguem; eles acabam se matando por causa de conflitos de interesse.

Assim, o dinheiro possibilitou que nos focássemos em produzir ferramentas, alimentos e produtos, e deixássemos de brigar por recursos básicos para a sobrevivência. Inclusive, os primeiros registros da humanidade são tabuinhas de argila dos sumérios, registrando transações e dívidas da época. Isso indica que a necessidade de dinheiro e de um sistema de contabilidade confiável é uma necessidade universal.

Bitcoin, uma possível herança extraterrestre

Então, se entidades interplanetárias (aliens) deixaram o Bitcoin aqui com a gente… qual seria o motivo?

Será que é uma forma de eles se comunicarem conosco no futuro? Afinal, se o dinheiro é uma linguagem, eles podem querer que usemos o Bitcoin para nos comunicar e negociar com eles.

Essa é uma hipótese doida, mas interessante.

Se tecnologias como telecomunicações, computação e criptografia são pré-requisitos para criar uma blockchain, isso sugere que essa também pode ser uma estrutura universal.

Espécies que evoluem, aumentam em densidade populacional e se espalham pelo planeta precisam criar sistemas de comunicação entre si. A computação é necessária para automatizar e resolver problemas complexos da ciência espacial, no mínimo.

A criptografia surgiu na Terra da necessidade de guardar segredos.

Você acha que os aliens também não guardam segredos? Como qualquer civilização, se eles existirem, é óbvio que sim!

Espécies sociais tendem a guardar segredos, seja para colaborar com outros ou como mecanismo de sobrevivência. À medida que espécies sociais desenvolvem tecnologias como a escrita e redes de comunicação, a tendência é desenvolver tecnologia para transmitir segredos de forma segura.

Portanto, se os alienígenas têm segredos, eles provavelmente também utilizam alguma forma de criptografia.

Leia também: Herança em Bitcoin: O que acontece depois que você morre?

Conclusão

Bem, a verdade é que o Bitcoin parece uma tecnologia alienígena, mas nunca saberemos se realmente é.

Mas, seria uma história incrível se fosse verdade!

Enfim, talvez seja até melhor que não seja, porque isso poderia ser mais um motivo para retardar a adoção e criar ainda mais FUD (medo, incerteza e dúvida), algo que o Bitcoin já enfrenta em excesso, exatamente por ser tão diferente de tudo o que já existe.

Esse artigo foi apoiado no texto do Tormer Strolight e que já escreveu muita coisa bacana sobre bitcoin.

Espero que você tenham curtido esse assunto. 

Até o próximo e opt out!

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Escrito por
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Carol Souza

Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.

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