Você já deve ter ouvido que o Bitcoin é limitado a 21 milhões de unidades. Então, se existem apenas 21 milhões de unidades para uma população global de cerca de 8 bilhões de pessoas, isso significa que o Bitcoin é um péssimo dinheiro, pois não vai ter Bitcoin para todo mundo, certo?
Errado! Não é bem assim que funciona, e esse é um dos maiores mitos sobre o Bitcoin.
Neste artigo, você vai saber se realmente temos Bitcoin suficiente para todos e como ele será distribuído entre as pessoas ao longo do tempo.
Bora lá?!
Sumário:
Vai ter Bitcoin para todo mundo? Há um limite?
‘Não tem um Bitcoin para todo mundo; o Bitcoin é limitado a 21 milhões de unidades e hoje existem 8 bilhões de pessoas no mundo. Ou seja, existem 380 vezes mais pessoas que um Bitcoin inteiro para todos.’
Essas são algumas frases que você já deve ter ouvido. Mas, vamos explicar por que essa é uma visão equivocada.
Primeiramente, um Bitcoin inteiro é apenas uma métrica. Portanto, assim como uma tonelada, que é formada por mil quilos, um Bitcoin é formado por 100 milhões de satoshis. Isso significa que o Bitcoin tem uma oferta total de 2,1 quatrilhões de satoshis, o que é suficiente para que ele seja um padrão monetário global.
Logo, existem muito mais satoshis do que dólares no mundo, podendo assim absorver toda a demanda global.
Portanto, isso significa que se o Bitcoin se tornar um padrão monetário, a maioria das pessoas realmente poderá ter muitos satoshis.
É justamente essa divisibilidade do Bitcoin que permite que ele se valorize muito e, mesmo assim, continue sendo uma boa unidade de conta à medida que cresce sua adoção no Brasil e no mundo.
Numa metáfora analógica, é como se você comprasse onças de ouro; você não precisa necessariamente comprar barras de ouro inteiras se não tem o valor de uma barra. Você pode comprar porções menores, que são as onças de ouro.
Seguindo o exemplo das toneladas, você pode ir comprando vários quilos de ouro até chegar a uma tonelada.
No Bitcoin, é a mesma coisa: você não precisa comprar um Bitcoin inteiro, ao invés disso, pode ir comprando frações e montando seu Bitcoin completo, acumulando satoshis ao longo do tempo.
No futuro, ter um bitcoin inteiro e completo pode ser algo bem raro!
Bitcoin será centralizado na mão de poucos?
Ok, mas aí você pode pensar: ‘Mas de que adianta comprar satoshis se a maioria das moedas já foi minerada? Esses Bitcoins estarão centralizados nas mãos de poucos!’
Na verdade, ter muitos Bitcoins não centraliza a rede. Isso ocorre porque o mecanismo de consenso da rede Bitcoin é baseado em prova de trabalho (proof of work), onde quem tem mais poder computacional tem mais chances de minerar um bloco.
Assim, para centralizar a rede Bitcoin, seria necessário ter muitas máquinas e muita energia. E energia é algo muito difícil de centralizar porque, por natureza, ela está descentralizada no planeta e no universo.
Ou seja, mesmo Satoshi Nakamoto, que possui muitas moedas, ou até mesmo Saylor, não têm nenhum poder sobre a rede, que está espalhada ao redor do mundo inteiro, através de milhares de nodes.
Sistema fiat e blockchains via Proof of Stake
Agora, já em outros sistemas, como o sistema fiat (com o qual estamos acostumados a lidar) e blockchains que utilizam prova de participação (proof of stake), como o Ethereum, quem tem mais moedas realmente tem mais poder de validação dos blocos.
No sistema fiat, quem tem mais dinheiro tem mais influência sobre os governos e bancos. Assim, nesses tipos de sistemas centralizados, quem tem mais dinheiro terá mais poder político e influência, podendo mudar regras e políticas monetárias.
Muita gente acha que o Bitcoin é centralizado porque muitas moedas foram mineradas no início da rede e entregues a esses mineradores iniciais.
Portanto, existe uma falsa impressão de que o Bitcoin vai ficar sempre concentrado nas mãos de poucos, quando, na verdade, os incentivos da rede promovem uma distribuição cada vez maior ao longo do tempo.
Distribuição do Bitcoin
Para entender como o Bitcoin vai sendo distribuído, é importante compreender primeiro como foi o seu lançamento.
Lançamento do Bitcoin
O Bitcoin teve uma criação justa. Não houve pré-mineração, investidor inicial, ICO ou nenhum tipo de benefício para insiders. Assim, toda a criação do Satoshi foi feita de forma pública e transparente, e todos os participantes tiveram as mesmas chances desde o início.
Assim, o que diferencia é a decisão pessoal de cada um, algo que a rede não pode controlar porque é um fator humano, que depende de crenças anteriores.
É aquela coisa: cada pessoa compra bitcoin ou o recebe pelo preço que merece. Muita gente ouviu falar sobre Bitcoin em 2011, 2013, 2017 e 2020, mas ignorou. Muitos levam 5, 10 ou 15 anos para finalmente perceber o valor do Bitcoin.
Então, a pessoa vai pagar o preço de não ter se interessado antes. Afinal, o Bitcoin é uma revolução financeira sendo monetizada. Logo, quanto mais o tempo passa, mais valioso ele fica.
Você mesmo deve ter ouvido falar sobre o Bitcoin pela primeira vez há 3, 5 ou 10 anos e talvez também tenha deixado ele de lado por um tempo, arrependendo-se por não ter começado a investir antes.
Revolução financeira
O fato de muita gente demorar para ter esse clique sobre o Bitcoin não é culpa do Bitcoin, mas sim nossa, que fomos programados com o mindset fiat, o qual não nos permite enxergar os benefícios do Bitcoin de imediato. Afinal, o Bitcoin inverte tudo o que achávamos saber sobre dinheiro e economia, então é normal não entender de primeira.
O Bitcoin tem um crescimento lento e orgânico. Portanto, qualquer pessoa poderia ter comprado inúmeras vezes no passado, mas não o fez. Além disso, se Satoshi tivesse determinado que a recompensa fosse constante ao longo dos halvings, sem o corte de emissão, a rede talvez não teria crescido tão rapidamente nem teria o mesmo grau de segurança que tem hoje.
Deslocar a maior parte do subsídio para o início da rede acelerou o emprego de poder computacional e acelerou exponencialmente o desenvolvimento da rede Bitcoin em eficiência na geração de hashrate.
Os cortes de emissão com os halvings geram uma urgência em participar da rede porque mais tarde a recompensa será exponencialmente menor.
E mesmo com muitos mineradores recebendo centenas de Bitcoins no início, o Bitcoin tende a ser distribuído naturalmente e cada vez mais ao longo do tempo pelo simples fato de ser dinheiro.
Bitcoin é dinheiro!
Conforme os hodlers do passado ganham poder de compra, eles têm mais incentivos para vender seus Bitcoins ou trocá-los diretamente por produtos e serviços. Isso faz com que o Bitcoin flua naturalmente para outras pessoas.
Portanto, o aumento do poder de compra dos usuários mais antigos é o incentivo para que eles vendam Bitcoin ou o troquem por mais bens e serviços, afinal, Bitcoin é dinheiro e, se eles têm muitos, não vão se importar em gastar uma pequena parte.
Essa venda por parte dos hodlers de longa data promove a distribuição dos BTC ao longo do tempo, o que é evidenciado no gráfico abaixo:
Além disso, a gente também percebe que com o passar dos anos a porcentagem de Bitcoin em posse das baleias está sendo reduzida.
Essa imagem acima mostra como a porcentagem de Bitcoin em posse das baleias vem caindo a cada halving: em 2013 era 62%, em 2016 era 49% e em 2020 era 36%.
Em contrapartida, os participantes ‘camarões’, que são usuários que possuem menos de um Bitcoin inteiro, estão crescendo em número e tendo maior participação no mercado.
Veja no gráfico abaixo, representado pela linha laranja claro.
Além disso, como você também pode ver, a maior parte dos Bitcoins está com indivíduos e não com fundos, empresas ou governos. Isso é muito diferente do dinheiro fiat, que é monopolizado por governos e entidades centralizadas.
Viu só? Isso nos mostra como o Bitcoin tem seus incentivos alinhados na direção do aumento da distribuição conforme ele ganha tração como nova reserva de valor, valoriza e a própria realização de lucros de grandes hodlers coloca mais Bitcoin à disposição do mercado, permitindo que novos participantes consigam acumular mais.
Existem muitos exemplos disso: Bitcoiners old school compraram casas, a família de Hal Finney pagou pelos cuidados médicos dele no fim da vida vendendo um pouco dos Bitcoins minerados por ele, dentre outros casos.
Sim, teremos Bitcoin para todo mundo!
O ponto central é que gastar ou vender Bitcoin é a parte mais fácil!
Justamente por isso, distribuir Bitcoin se torna simples: basta que o preço aumente. E mesmo que aumente, o enriquecimento dos hodlers mais antigos não prejudica a rede. Criamos assim um círculo virtuoso de prosperidade e aumento do poder de compra, beneficiando todos os que possuem Bitcoin.
Na verdade, o grande desafio é manter o Bitcoin. Isso requer um entendimento profundo sobre sua essência e uma perspectiva de longo prazo.
Se você estava por aqui no último bear market, sabe o quão difícil é manter as ‘mãos de diamante’ firmes enquanto todo mundo está pessimista.
Essa jornada exige autocontrole, conhecimento sólido sobre o Bitcoin e nervos de aço!
Muitas pessoas não conseguem lidar com a volatilidade e acabam vendendo ao obter algum lucro ou entram em pânico. Frequentemente, vendem movidas pelo medo, ignorância ou ganância excessiva. E é justamente esse comportamento que facilita a redistribuição do Bitcoin para aqueles que estão alinhados com um mindset soberano.
Não é necessário que o governo distribua riquezas; o Bitcoin utiliza a própria ganância de quem está preso à mentalidade fiat para redistribuir os recursos naturalmente entre aqueles que desejam acumular.
Por isso, não apenas teremos Bitcoin para todo mundo, como o mundo também se beneficiará infinitamente da abundância e prosperidade que o Bitcoin oferece.
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Até a próxima e opt out.
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Fundadora da Area Bitcoin, um dos maiores projetos de educação de Bitcoin do mundo, publicitária, apaixonada por tecnologia e mão na massa full time. Já participou das principais conferências de Bitcoin como Adopting, Satsconf, Surfin Bitcoin e Bitcoin Conference.
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