Halving do bitcoin: porque você precisa entender isso

O halving do Bitcoin é um evento que ocorre a cada quatro anos, no qual a recompensa dada aos mineradores de Bitcoin é reduzida pela metade.

Uma das coisas mais geniais que Satoshi Nakamoto fez foi determinar as regras do bitcoin no whitepaper, que é o descritivo do projeto lançado em outubro de 2008.

Nesse documento ele descreveu que só haverão 21 milhões de unidades de bitcoin no mundo e que a emissão de novos bitcoins será reduzida pela metade a cada quatro anos, em um evento chamado halving.

Quer entender tudo sobre Halving do Bitcoin? Então, continue a leitura!

Por que Bitcoin é escasso e tende a aumentar de preço?

Se liga nisso aqui que eu vou explicar porque é importante para você entender porque o Bitcoin é escasso e tende a aumentar de preço.

Halvings tem a ver com a mineração do bitcoin, que são os computadores super potentes que fazem o processamento das transações.

Assim, toda vez que um computador participa dos cálculos matemáticos da rede e ajuda a calcular os códigos envolvidos nas transações, eles ganham bitcoin como prêmio.

É por isso que a gente vê fotos de hangares gigantes, cheios de fios e máquinas de mineração, pois quem tem mais capacidade computacional consegue receber mais recompensas.

Entretanto, essa recompensa vai diminuindo ao longo do tempo (de 4 em 4 anos), e é esse mecanismo que torna o bitcoin cada vez mais valioso e escasso.

O que é halving?

Halving vem da palavra “halfing”, que significa “cortar ao meio”, em inglês. Ou seja, isso quer dizer que, a cada quatro anos, em média, o Bitcoin corta pela metade a recompensa entregue aos mineradores da rede.

O parâmetro que determina quando vai acontecer o halving não é por ano, na verdade, é por bloco.

A cada 210 mil blocos processados acontece a diminuição dos bitcoins que são entregues pela rede aos mineradores, esses 210 mil blocos acabam coincidindo com período de quatro anos.

• O primeiro halving aconteceu no dia 28 de novembro de 2012, na altura do bloco 210.000. No início, a rede BTC produzia 50 Bitcoin por bloco de informação processada. Ou seja, a cada 10 minutos, em média, naquela época, os mineradores recebiam 50 btc. Com o halving, os mineradores passaram a receber 25 btc.
• Em 9 de julho de 2016, aconteceu o segundo halving no bloco 420.000, onde cortou pela metade (de novo) a recompensa entregue aos mineradores da rede. Assim, ao invés de receber 25 bitcoin, cada minerador passou a receber 12,5 bitcoin por bloco minerado.
• E o terceiro halving aconteceu em 11 de maio de 2020, no bloco 630.000, onde os mineradores passaram a receber 6,25 btc por bloco.

Quais serão os próximos halvings?

Ao total serão 32 halvings programados no código do bitcoin e o próximo, o quarto desses eventos, vai acontecer em 2024.

Ainda não há uma data exata, mas será no bloco 840 mil.

Alguns sites acompanham a contagem regressiva para o próximo halving, como este aqui.

Nesse momento já foram criados mais de 19 milhões de bitcoin, o que representa mais de 92% de todas as moedas e são só mais 7 anos pra que 99% dos bitcoin sejam criados!

Por que o halving é tão importante?

O bitcoin tem um fornecimento monetário previsível ao longo do tempo.

Assim, essa programação é importante para entendermos qual a taxa de inflação atual do Bitcoin, qual vai ser a taxa de inflação futura em um ponto específico no tempo, quantos Bitcoins estão atualmente em circulação e quantos ainda precisam ser minerados.

A emissão controlada e deflacionária faz com que o Bitcoin seja um ativo previsível e muito mais confiável que as moedas fiat, que são inflacionáveis e sem um controle público sobre a sua emissão.

Por que o bitcoin sobe de preço depois do halving?

Os halvings causam choques de oferta, uma iliquidez. Assim, esse choque de oferta é o que empurra o preço para cima, pois se existe uma demanda por BTC e não se pode criar mais unidades, a única forma de fazer os hodlers venderem é o preço subir.

É a lei mais simples de economia: Lei da oferta e da demanda e, se existe muita demanda e pouca oferta, os preços sobem.

Portanto, como o número de BTC é limitado a 21 milhões de unidades, a única forma da oferta atender à demanda é, justamente, aumentando o preço.

É por isso que existe uma expectativa de valorização do bitcoin após o Halving, pois conforme o tempo passa fica mais difícil de minerar, menos Bitcoins são criados e a oferta começa a se tornar escassa, e como tudo que é raro, tende a se valorizar.

No primeiro halving, de novembro de 2012 a novembro de 2013, bitcoin subiu R$ 13.300 mil. Depois, já no segundo halving, de julho de 2016 a dezembro de 2017, o pico de valorização foi de mais de 12.000%.

O aumento de preço aconteceu em todos os halvings anteriores, como podemos ver no gráfico abaixo, onde existem períodos de acumulação e valorização:

Como você pode ver, após cada halving existe uma expectativa de valorização. Porém isso não quer dizer que o preço do bitcoin vai decolar imediatamente.

O que acontece quando o último Bitcoin for minerado?

Como já dissemos anteriormente, o Bitcoin tem um número limite de unidades a serem criadas: 21 milhões. Portanto, quando chegarmos nesse número não haverá mais halvings para acontecer e nem Bitcoins para serem criados.

Estimativas calculam que a gente vai atingir esse patamar no ano de 2.140, isso se a tecnologia de processamento não avançar. Assim, o último satoshi está previsto para ser criado na altura do bloco 6.930.000 (seis milhões, novecentos e trinta mil), daqui 120 anos.

A partir do momento em que não há mais novos bitcoins por bloco sendo liberados para pagar os mineradores, a única fonte de renda deles passa a ser as taxas cobradas nas transações e operações em blockchain.

Assim, com o aumento da adoção do bitcoin, deve aumentar também o número de transações e de operações em segunda camada, e tudo isso tende a contribuir com o aumento do valor em taxas de processamento.

Hoje o valor em taxas recebido pelos mineradores corresponde a cerca de 10% da receita recebida por eles e os outros 90% vem da recompensa por bloco.

Anos atrás as taxas correspondiam a menos de 5% do valor recebido, então olha só como o número de transações na rede já aumentou. E a tendência é aumentar ainda mais daqui pra frente.

Portanto, conforme as recompensas na mineração vão diminuindo com os halvings, as taxas passam a ser o incentivo para os mineradores se manterem na rede e pagar seus custos.

Assim, as taxas devem aumentar de preço porque a demanda também deve aumentar, logo o valor cobrado em taxas pelos mineradores não é de acordo com o valor que está sendo transacionado, mas sim com o espaço que a transação ocupa no bloco.

O espaço de informação em um bloco Bitcoin é de 1 mega byte e conforme a adoção aumenta, maior a demanda por espaço nos blocos e com isso maiores serão as taxas cobradas para ocupar esse espaço de registro.

Sim, faz sentido isso que você pensou e esse aumento nas taxas é, inclusive, o que os concorrentes do bitcoin mais criticam.

Confome o tempo for passando e esse aumento for acontecendo, a blockchain do bitcoin, ou seja a camada um, passará a ser uma camada de liquidação para transações de maior valor.

A blockchain bitcoin não foi criada para ser escalável, porque o Proof Of Work, que é a forma como os bitcoin são minerados, não permite escalabilidade de transações em camada um. Até porque a escalabilidade pode ser facilmente criada em camada dois como a rede lightning, que é milhares de vezes mais eficiente que os processadores de pagamento globais como a Visa e a Master.

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Tem como aumentar o número de Bitcoin que podem ser criados após 2140?

Em tese, teria como fazer isso sim! Os participantes da rede precisariam entrar em consenso e aprovar o aumento do número de bitcoin que poderiam ser criados. Porém, isso com certeza seria muito polêmico.

A escassez e a impossibilidade de fazer expansão monetária é uma das fortalezas do bitcoin. Portanto, muita gente não quer nem sonhar numa proposta dessas, é algo impensável para a maioria dos bitcoiners!

Caso essa proposta avançasse, provavelmente seria feito um hard fork na rede, ou seja, seria criada uma nova blockchain com essa nova programação de mais moedas.

Quem optasse por permanecer na blockchain do bitcoin original, programado por Satoshi Nakamoto, em sua essência, ou seja, a cadeia mais antiga e mais escassa, por comparação, acabaria com os incentivos para se juntar à essa nova versão com supply expandido.

Portanto, a simples existência da cadeia antiga escassa e imutável tira o sentido de fazer um fork só para aumentar o número de unidades de btc.

Bitcoin é a blockchain mais segura devido ao total de hashes (energia) acumulados para processar a rede. Essa inversão, onde o valor recebido em taxas passa a ser maior que o valor recebido em recompensa por bloco, vai criar um mercado de transferências de altos valores e altamente seguro usando Bitcoin.

Bancos Centrais, governos, serviços interbancários, empresas e outros usuários que possuem grandes volumes não se importarão em pagar valores altos em taxa, desde que a transação seja o mais segura e irreversível possível.

Ainda dá tempo de embarcar no Bitcoin!

Quando a gente olha a informação de que praticamente 90% das unidades de bitcoin já foram emitidas, dá até um susto, não é mesmo?

Parece que a gente perdeu o bonde e tá chegando tarde!

Mas, a mineração de bitcoin é um processo que ainda vai durar mais um século. Logo, os bitcoin não vão parar de ser produzidos de uma hora para outra, a emissão vai diminuir gradualmente, permitindo que os mineradores se organizem ao longo do tempo.

Essa é a vantagem do dinheiro programável: a política monetária é transparente.

É possível antecipar os eventos e se ajustar ao que vem pela frente. Assim, quando 2140 chegar, o bitcoin já estará escasso há 50 anos e o fim da mineração será mais um marco histórico do que algo que afetará negativamente a rede.

Vamos torcer para que inventem alguma coisa que nos faça durar mais 120 anos pra ver isso acontecer.

Até 2140 e opt out!

Escrito por

Kaká Furlan

Fundadora da Area Bitcoin, um dos maiores projetos de educação de Bitcoin do mundo, publicitária, apaixonada por tecnologia e mão na massa full time. Já participou das principais conferências de Bitcoin como Adopting, Satsconf, Surfin Bitcoin e Bitcoin Conference.