Novas carteiras para testar e guardar seus satoshis com segurança nunca é demais, não é mesmo? Afinal, é sempre bom ter várias opções disponíveis, dependendo da sua necessidade e, também, em caso de sua carteira falhar, você sempre ter um plano B.
Seguindo nossa linha de análise e reviews de carteiras de Bitcoin, hoje trouxemos para vocês a Mutiny, uma nova carteira Lightning não custodial que promete ser simples de usar, além de garantir toda a segurança necessária para que você faça sua auto custódia.
Além das funcionalidades principais de uma carteira Lightning, que todos esperam, a Mutiny está próxima de lançar novas funções para ainda mais soberania e privacidade dos usuários. Sendo assim, bora pro review desta carteira?!
Índice:
Quem fundou a carteira Mutiny?
A Mutiny é fundada pelos desenvolvedores Tony Giorgio, Ben Carman e Paul Miller. Os três se mudaram para Austin, no Texas, em 2021 para ficar ainda mais próximo da comunidade bitcoiner.
Como a Mutiny surgiu?
Antes de lançar a carteira, os três fundadores participavam ativamente de encontros, hackatons e projetos envolvendo Bitcoin. Com todo o conhecimento adquirido dessas experiências, os três se juntaram em busca de criar a melhor carteira de Bitcoin que pudesse imaginar.
Sendo assim, a Mutiny foi lançada em junho 2023 como sendo a primeira carteira Lightning de auto custódia que funciona em navegador web (Progressive Web App). Essa foi uma das primeiras inovações da carteira. Entretanto, agora já é possível utilizá-la também como aplicativo no celular.
Quais as principais características da Mutiny wallet?
Como citamos acima, uma das principais características da Mutiny é ser uma carteira Lightning, não custodial e que funciona na web. Isso quer dizer que você tem todo o acesso às suas chaves privadas e ainda, pode acessá-la tanto pelo aplicativo, quanto pelo navegador web.
Outras vantagens da carteira Mutiny são:
- Integração ao Nostr: ela permite que você faça envios de satoshis com aplicativo Nostr;
- Código aberto: qualquer pessoa pode verificar o código da carteira e sugerir melhorias;
- Auto-hospedável: não é necessário confiar nos servidores deles, visto que você pode hospedar sua própria cópia da Mutiny Wallet para ser soberano.
- Pagamentos facilitados em Lightning: não é preciso se preocupar em abrir um canal sozinho ou gerenciá-lo;
- Suporte para e-cash: é possível transacionar com endereços Lightning via Fedimint;
- Saldos separados: seu saldo bloqueado em um canal e o saldo disponível para uso ficam separados, proporcionando uma melhor experiência ao usuário.
- Serviço de assinatura: a carteira possui uma versão Mutiny+ que promete funcionalidades exclusivas para quem assinar;
Além dessas funcionalidades, a Mutiny também irá criar:
- USD sintético: será possível manter um valor em dólar dentro da carteira e de forma não custodial (você será o dono das chaves privadas);
- Coinjoin: mixagem de moedas para mais privacidade, onde o usuário poderá ganhar rendimento participando de transações colaborativas.
Como funciona o suporte Lightning e os canais Just-in-Time?
A Mutiny utiliza o Lightning Development Kit (LDK) da Block, empresa de Jack Dorsey (ex-CEO do Twitter), para implementar a tecnologia Lightning. Esse kit permite que os desenvolvedores personalizem todos os aspectos da integração da Lightning na carteira, incluindo a compilação para ambientes web.
Sem essa ferramenta, seria bem difícil implementar uma carteira como a Mutiny na web.
Além disso, a Mutiny fez uma parceria com a empresa Voltage para fornecer canais de pagamento Lightning chamados Just-in-Time. Esses canais possibilitam que os usuários possam receber pagamentos em Lightning sem se preocupar em abrir canais ou gerenciar Liquidez.
Esse processo de abrir canais pode ser particularmente difícil e caro para usuários menos experientes que buscam usar a Lightning Network para transacionar alguns satoshis. Sendo assim, essa ferramenta permite que os novos usuários da Mutiny recebam satoshis via Lightning assim que abrem o aplicativo.
Ficou bem mais fácil, né?!
Leia também: como comprar Bitcoin na rede Lightning?
Conexão com Nostr
Nostr é um protocolo aberto que permite a criação de redes sociais globais e descentralizadas. Esse protocolo também possibilita o desenvolvimento de várias outras aplicações descentralizadas na internet.
Assim, uma das invenções do Nostr é o sistema de gorjetas chamado “zap“. Por meio do recurso Nostr Wallet Connect, você pode enviar uma gorjeta em satoshis diretamente a um post que lhe chamou atenção no Nostr. Dessa forma, ao invés de simplesmente curtir um post, você pode demonstrar seu apoio enviando satoshis como forma de “zapear” o post.
A Mutiny possui integração direta com esse recurso. Para isso, basta configurar a Mutiny na Nostr Wallet Connect e, a cada “zap” recebido, os satoshis serão depositados diretamente na sua carteira.
Assim, uma vez configurada, cada gorjeta no Nostr ou solicitação de pagamento aparecerá diretamente na sua carteira Mutiny.
Integração com Fedimint
Além da configuração com o Nostr, a Mutiny também adicionou uma integração ao Chaumian E-Cash, como uma forma de se integrar ao protocolo Fedimint.
À título de conhecimento, o Chaumian E-Cash, também conhecido como Digicash, é uma criação de David Chaum que precede até mesmo a existência do Bitcoin.
Enfim, essa moeda digital visa garantir altos níveis de privacidade do usuário e é utilizada no conceito de Fedimints.
Mas, o que são Fedimints?
As Fedimints são federações que possuem guardiões para serem responsáveis pela custódia de fundos.
Basicamente, este sistema é interessante para inserir usuários leigos no Bitcoin sem que eles precisem se preocupar com a custódia dos fundos que possuem. Além disso, ele mantém a privacidade e inclui sistemas de backup nativos para a recuperação de fundos pela federação.
Assim, as federações funcionam como comunidades que ajudam novos usuários a se familiarizarem com o Bitcoin.
E como é feita a integração com a Mutiny Wallet?
O papel da Mutiny nessa implementação de Chaumian E-Cash com Fedimint e Nostr é aprimorar a usabilidade e acessibilidade da carteira.
Portanto, ao utilizar esses recursos de maneira integrada, o usuário da carteira ganha mais privacidade e segurança, além de tornar todas as transações e a experiência do usuário mais acessíveis.
Por fim, a Mutiny também criou um sistema de endereços Lightning federados para os usuários que assinam o Mutiny+. Essa combinação da Lightning com as federações melhora ainda mais a escalabilidade e privacidade dos fundos transacionados nesses canais.
Assim, os usuários podem receber fundos mesmo quando estiverem offline, pois o servidor associado à Mutiny mantém o E-Cash bloqueado na chave pública do usuário, que pode ser acessado ao retornar online. Isso simplifica a experiência do usuário e cria menos barreiras de acesso ao Bitcoin.
Como usar a Mutiny?
Agora que você já sabe o que é a Mutiny, e quais são suas principais características, vamos aprender como usá-la?
É possível baixar a carteira tanto no Android quanto no iOS. No entanto, no tutorial abaixo, vamos mostrar que é possível utilizá-la na web de maneira bastante simples.
- Entre no site da Mutiny e clique em “use in browser“:
- Ao entrar no aplicativo da web, clique em “new wallet“:
- Agora que você criou sua carteira Mutiny, a tela inicial abaixo aparecerá:
- Clique em “secure your funds” e depois em “tap to reveal seed words” e anote suas chaves privadas em um local seguro.
- Feito isso, você já pode usar com tranquilidade sua carteira. Para isso, basta clicar no botão “+” no canto inferior direito para começar a fazer transações.
Conclusão
Como vimos, a Mutiny não é só mais uma carteira Lightning como as demais. Além de possuir o diferencial de ser não custodial na web, ela ainda se integra a diversos outros protocolos, como Nostr e Fedimint.
Um dos principais objetivos dessa carteira é facilitar o uso do Bitcoin por usuários mais leigos e menos experientes. No entanto, ela também possui recursos mais avançados para os mais “cypherpunks” e que gostam de se aprofundar na parte técnica.
Vale ressaltar que a Mutiny é uma carteira quente, ou seja, ela fica conectada sempre à internet. Portanto, não é ideal deixar grandes quantidades armazenadas nessa carteira, ao invés disso, opte por carteiras físicas frias.
Espero que você tenha gostado desse artigo e de conhecer um pouco mais sobre essa nova carteira lightning.
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Até a próxima!
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Uma das principais educadoras de Bitcoin no Brasil e fundadora da Area Bitcoin, uma das maiores escolas de Bitcoin do mundo. Ela já participou de seminários para desenvolvedores de Bitcoin e Lightning da Chaincode (NY) e é palestrante recorrente em conferências sobre Bitcoin ao redor do mundo, bem como Adopting Bitcoin, Satsconf, Bitcoin Atlantis, Surfin Bitcoin e mais.
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